Quero Ler muda rotina de moradores do Bairro da Paz

Tião Viana visitou uma das quatro turmas do programa de erradicação do analfabetismo localizadas no Bairro da Paz (Foto: Sérgio Vale/Secom)
Tião Viana visitou uma das quatro turmas do programa de erradicação do analfabetismo localizadas no bairro da Paz (Foto: Sérgio Vale/Secom)

É numa sala cedida junto à Comunidade Nossa Senhora de Fátima que funciona uma das quatro turmas do programa Quero Ler do bairro da Paz, em Rio Branco.

Na noite desta sexta-feira, 19, cerca de 20 adultos, a maioria acima dos 30 anos, deram uma pequena parada nos ensinamentos para aprender a ler e escrever, e receberam a visita do governador Tião Viana, criador do programa que pretende eliminar o analfabetismo no Acre até 2018.

Só em Rio Branco, o Quero Ler reúne 329 turmas, responsáveis pela alfabetização de mais de sete mil alunos, a maioria entre 30 e 75 anos.

Até 2018, a meta é atingir 60 mil pessoas, erradicando de vez o analfabetismo do Acre, com um investimento de R$ 26 milhões.

“Quero agradecer imensamente por vocês estarem aqui estudando. Cada um tem sua realidade e estão alterando ela agora. Muitos de vocês fizeram pelos filhos aquilo que não puderam fazer por vocês mesmos, como dar a educação. Então, agora esta é a oportunidade de vocês, porque não saber ler é como não ter liberdade”, disse o governador Tião Viana.

Nunca é tarde

“Meu pai dizia que a caneta do filho do pobre era o cabo da enxada, mas agora estou estudando e meu orgulho é ser forte”, conta José Dourado (Foto: Sérgio Vale/Secom)
“Meu pai dizia que a caneta do filho do pobre era o cabo da enxada, mas agora estou estudando, e meu orgulho é ser forte”, conta José Dourado (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Aos 71 anos, José Brasil Dourado é um dos mais animados da turma. “Eu me sinto feliz e forte no meio desse grupo. Meu sonho é ser um grande artista no Acre, fazendo todas as minhas rimas sem errar, pois estou estudando para aprender”, explica o homem, que, mesmo sem ler e escrever, declara grandes poesias.

Dourado ainda conta que veio de uma família muito pobre e que ela não apoiava os estudos dos filhos. “Meu pai dizia que a caneta do filho do pobre era o cabo da enxada, mas agora estou estudando, e meu orgulho é ser forte”, relata, emocionado.

Outra entusiasta da turma, Sebastiana Carvalho, de 51 anos, conta com admiração que suas duas filhas são formadas em Assistência Social e Administração. Agora, a senhora, que conhecia apenas o alfabeto e cortou seringa por 33 anos, aprende a juntar as palavras.

“Amo estar aqui na sala de aula. Vim para cá e achei ótimo, maravilhoso. Não quero sair daqui enquanto não aprender tudo, porque gosto de estudar e preciso saber ler, pois quero tocar violão”, revela.

Visitas ilustres

Ex-coordenador do Quero Ler, o agora deputado federal Moisés Diniz ressalta o orgulho pela continuação do programa, agora nas mãos de Evaldo Viana.

“Este foi o programa pelo qual mais me apaixonei. O Tião Viana já foi mentor de grandes projetos, importantes obras, mas este é o mais poderoso deles, porque abre os caminhos da alma humana”, comentou Diniz.

Outra pessoa que acompanhou a visita foi o jornalista e filósofo Marcos Afonso. “É fácil encontrar no dia a dia gente desanimada, pessimista. Agora, encontrar seres humanos com vontade de adquirir conhecimento é difícil. Vocês são nossos heróis”, disse, encantado com o que viu.

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