Idealizado ainda em 2004, o Complexo Agroindustrial de Aves, localizado em Brasileia, completa cinco anos. Com a cadeia produtiva consolidada, 25 produtores, organizados em cooperativa já decidiram pela ampliação da produção e acessaram crédito para construção de aviários com capacidade para 20 mil aves. Há produtor alcançando renda de mais de R$ 10 mil por lote entregue para abate. A média de abate diário é de 12 mil frangos.
Com apenas cinco anos, o modelo econômico adotado pelo governo do Estado no empreendimento do Alto Acre alia desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda. O Complexo Agroindustrial de Brasileia é um exemplo de como a junção das experiências de cada setor pode dar certo e todos os envolvidos começaram a colher os frutos.
Lourival Marques, secretário de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), lembra que a organização dos produtores, através da Cooperativa dos Produtores de Aves do Alto Acre (Agroaves), recebe 33% dos resultados obtidos pelo empreendimento Acreaves, responsável pelo abate e comercialização das aves. Os produtores rurais também recebem um valor por cada ave entregue para o abate.
Inicialmente os produtores entendiam a atividade de criação de aves como mais uma na propriedade rural, como um complemento de renda. Mas muitos chegaram à conclusão que essa pode ser a atividade principal e até mesmo única para garantir uma boa qualidade de vida. Para tanto seria necessário ampliar os aviários.
Raimundo Duarte de Oliveira, da Colônia São Raimundo, BR-317, em Brasiléia, acessou crédito através do Pronaf Mais Alimentos, no valor de R$ 190 mil, e construiu um galpão de 102 metros de comprimento com capacidade para criar até 20 mil frangos. O galpão é totalmente automatizado, desde a liberação da ração e da água até a manutenção da temperatura ideal. O gerador garante que não haverá nenhum contratempo.
“Iniciei com um galpão pequeno, financiado pelo governo. Entrei apenas com a madeira necessária para a construção. Tirava uma média R$ 1,2 mil por lote entregue para o abatedouro. Mas vi que essa é uma atividade que pode render bem e com menos trabalho. Não tenho mais idade para ficar no meio do sol, no cabo da enxada”, explica o produtor Raimundo Duarte, conhecido como Braga.
No segundo lote, Braga está com 17 mil pintos no galpão e acredita que vai alcançar um resultado financeiro em torno de R$ 8 mil. “Larguei tudo e agora cuido somente das aves”, afirma, e acrescenta que outra vantagem da atividade é não precisar mais trabalhar no sol.
De olho nas possibilidades, o produtor Gedeon Pereira Coimbra, da Colônia Estrela do Norte, BR-317, quilômetro 23, em Epitaciolândia, mostra orgulhoso a obra de construção do novo galpão totalmente automatizado. “Mais 20 dias e inicio a criação”, diz, enquanto acompanha os operários que já iniciaram a instalação dos equipamentos.
Gedeon diz que sempre trabalhou “fora de casa, chegando há passar 60 dias por aí fazendo de tudo para ganhar o sustento da família”. Sendo um dos primeiros a entrar no negócio de criação de frangos para abate com o aviário de médio porte, com capacidade para no máximo quatro mil aves, entendeu que o negócio é rentável.
De boia-fria a criador de aves
Itamar da Silva Tolentino nunca soube o que é facilidade na hora de trabalhar para sustentar a família. Desde cedo, sem qualificação, entendeu que o trabalho braçal era o que restava para ele. “Construir cerca, curral, limpar roçado, colher feijão. Isso é o que eu sempre fiz”, afirma, enquanto mostra, orgulhoso, o galpão que abriga 18 mil frangos já quase prontos para abate.
Em 2012, com a ajuda do sogro, que é o proprietário da Colônia São José, localizada na BR-317, quilômetro 13, em Brasiléia, entrou para a cooperativa de produtores de aves e buscou ajuda da Seaprof em busca de financiamento para a construção do galpão através do Pronaf Mais Alimentos. Com dois lotes de frangos entregues para o abatedouro, obteve um lucro de mais de R$ 19 mil. “No momento nosso maior sonho é formar a minha filha e construir uma casa para ter mais conforto”, diz sobre os planos para o futuro.
Para o boia-fria acostumado com o trabalho pesado de diarista ou empreiteiro e que nem conseguia calcular a renda mensal alcançada com serviços esporádicos, trabalhar com as aves “é muito fácil e confortável”. Como todos os galpões ampliados na região, o de Itamar também é totalmente automatizado. “Como tudo que a gente planta ou cria, aqui também é preciso dedicação. Mas é menos pesado e cansativo”, conclui.
Assistência técnica e extensão agroflorestal de qualidade
Qualificar e ampliar os serviços de assistência técnica e extensão agroflorestal (Ater) para a produção familiar, promovendo também a ampliação da infraestrutura dos escritórios localizados em todos os municípios do Estado, é o objetivo da Seaprof. Segundo o secretário Lourival Marques, é nesse contexto que técnicos e extensionistas são o alvo da qualificação que vem sendo realizada nos Territórios da Cidadania do Estado, nas regiões do Alto Acre e Capixaba e do Juruá.
“Os produtores precisam ter acesso às politicas públicas de crédito de aquisição de alimentos, de projetos sustentáveis, da remuneração dos serviços ambientais e a todos os existentes voltados para a redução da pobreza rural”, explica Lourival Marques que garante ser necessário ampliar o conhecimento técnico dos profissionais.
O Territórios da Cidadania tem como objetivo promover o desenvolvimento econômico e universalizar programas básicos de cidadania por meio de uma estratégia de desenvolvimento territorial sustentável. A participação social e a integração de ações entre governo federal, estados e municípios são fundamentais para a construção dessa estratégia. Os recursos são provenientes de convênio com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).