Políticas ambientais do Acre servem de exemplo para a sustentabilidade

Na contramão de outros estados da Amazônia, o Acre reduziu sua taxa de desmatamento em 62% nos últimos dez anos e se tornou referência em políticas ambientais com a implantação de programas como REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) e de preservação de comunidades tradicionais, indígenas e extrativistas. Como resultado, o estado mantém 87% de seu território preservado.

Por essas medidas, o Acre tem ganhado destaque em âmbito internacional no debate sobre a questão ambiental, principalmente após a COP 21 (Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas), realizada em Paris, na França, em 2015. Na ocasião, o estado recebeu o certificado de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal com Benefícios Socioambientais (REDD+SES), o primeiro do mundo a ser concedido a um programa subnacional.

A partir desse momento, os olhos do mundo estariam voltados para o Acre com interesse nos resultados positivos das políticas socioambientais desenvolvidas no estado. Os frutos desse trabalho vieram rápidos e hoje o Acre firma parceria com a Universidade do Colorado, nos Estudos Unidos, e é referência para outros governos, como o do Mato Grosso e, recentemente, o da Colômbia.

Universidade do Colorado

O governo e a universidades do Colorado e Federal do Acre irão realizar um programa conjunto (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Como membro do GCF (Força-Tarefa dos Governadores pelo Clima e Florestas), o governo do Acre articula parceria entre a Universidade do Colorado-Boulder (UCB) – nos Estados Unidos -, e a Universidade Federal do Acre (Ufac). O objetivo é fomentar a pesquisa nas esferas social, ambiental e econômica, além de viabilizar inovações para o desenvolvimento da Amazônia.

Willian Boyd, professor PhD em Direito e secretário executivo do GCF, destaca três pontos importantes no modelo de gestão acreano: “o primeiro é a liderança dos governadores, desde o Binho, passando pelo Jorge, até o Tião Viana, todos com comprometimento no serviço público. O segundo ponto é o caminho trilhado para conservação florestal e crescimento econômico. E em terceiro é que há algo muito especial no povo do Acre e na sua cultura. Por isso o Acre é um laboratório tão importante”, disse.

Governo da Colômbia

Durante o encontro de prefeitos e governadores da Amazônia Colombiana, realizado em Bogotá, o ministro do Meio Ambiente da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, disse que o país tem interesse no modelo acreano de desenvolvimento econômico e social aliado à preservação da natureza.

“É importante que a Colômbia inicie esse caminho de articulação para a conservação da natureza e o desenvolvimento econômico e social. A experiência do Acre, adaptada à realidade colombiana, será muito importante”, afirmou Murillo, pontuando que deseja conhecer o Acre para ver de perto as experiências do estado.

Governo do Mato Grosso

Comitiva de Mato Grosso em reunião com equipe de governo do Acre (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Com mercado econômico baseado no agronegócio, o Mato Grosso busca desenvolver também uma economia de baixo impacto ambiental e tomou o Acre como referência. Em junho deste ano, uma delegação do Mato Grosso esteve no estado para conhecer as políticas ambientais. A comitiva conheceu projetos de reflorestamento e algumas experiências de sucesso em propriedades da zona rural de Bujari, além do Complexo de Piscicultura Peixes da Amazônia, em Rio Branco.

“O Acre está muito avançado no pagamento de serviços ambientais e tem programas muito interessantes nessa área. O Mato Grosso, que tem também um grande programa de redução do desmatamento, vê o estado acreano como um exemplo”, afirmou Carlos Fávaro, vice-governador e secretário de Meio Ambiente do Mato Grosso.

A experiência acreana

O renascimento da floresta aumenta com a criação de abelhas, um dos programas apoiados pelo Estado (Foto: Arison Jardim/Secom)

No final da década de 1980, Chico Mendes liderou o maior movimento socioambiental da Amazônia ao lutar pela preservação da floresta e pelos direitos de seringueiros, indígenas, ribeirinhos e extrativistas. Décadas depois, o compromisso com a florestania (cidadania da floresta) e desafio de alcançar a sustentabilidade continuam sendo o rumo do governo de Tião Viana.

“Três coisas são essenciais para esse modelo de desenvolvimento sustentável: acreditar que é possível, diversificar a base econômica e apostar em qualidade do que se produz, incorporando tecnologia. Temos buscado isso e estamos colhendo bons resultados de um trabalho que concilia o crescimento econômico, a conservação ambiental e a qualidade de vida para a população”, diz o governador Tião Viana.

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