Política de segurança nacional ganha novo rumo no Acre

Debate foi proposto pelo governador Tião Viana (Foto: Sérgio Vale/Secom Acre)

De olho no mapa da América do Sul, o Acre ocupa uma posição geográfica estratégica dentro do Brasil. É um dos nove estados que compõem a Amazônia Legal, tem políticas ambientais reconhecidas no mundo e faz fronteira comercial e cultural com o Peru e a Bolívia. E seu protagonismo é ainda maior: o estado conseguiu reunir ministros e 20 governadores para debater as estratégias de segurança nacional.

Pela primeira vez no país, chefes dos Executivos se reuniram para discutir de forma integrada a política de segurança nacional durante o Encontro de Governadores do Brasil pela Segurança e Controle das Fronteiras. O governador do Acre, Tião Viana, propôs o debate ao presidente Michel Temer e sugeriu o tema: Narcotráfico – uma Emergência Nacional.

O narcotráfico, aliado ao tráfico de armas e munições, provocam uma onda de violência no país, além de instaurar um clima de instabilidade na segurança pública. O Brasil faz divisa com quase todos os países da América do Sul e a maior rota do narcotráfico vem dos vizinhos Colômbia, Peru e Bolívia. De repente, o estado se vê em um contexto de adversidade, vítima de organizações criminosas e de uma pressão externa que transpõe suas fronteiras. Mas não se acovarda.

Diante do problema, o governador Tião Viana fez um apelo à Presidência da República e propôs um debate entre todos os governadores do país. Em pauta, a criação do Sistema Nacional de Segurança Pública, com um fundo nacional de financiamento de políticas integradas, como acontece com o Sistema Único de Saúde.

 

Encontro resultou na Carta do Acre, que propõe medidas importantes para a segurança do país (Foto: Gleilson Miranda/Secom Acre)

Além das ações integradas, a inteligência e a tecnologia são ferramentas indispensáveis no combate à violência e ao narcotráfico. “Devemos priorizar o uso da tecnologia no âmbito da cooperação internacional. Temos que dispor da mais avançada tecnologia para combater os crimes em mais de 17 mil quilômetros de fronteiras. Precisamos de satélites e veículos interligados para compartilhar dados”, defende Torquato Jardim, ministro da Justiça e Segurança Pública.

Simão Jatene, governador do Pará, fez uma provocação. “O país tem uma diversidade e uma unidade que precisam ser vistas. Quem aqui duvida de que vivemos numa sociedade absolutamente descrente, onde a intolerância tomou conta do coração e da mente das pessoas? Esse é um desafio que precisa de coragem para ser superado. Por maiores que sejam as dificuldades, o estado é capaz de criar mecanismos de superação”, acredita.

Rodrigo Rollemberg, governador do Distrito Federal, defende a união entre os estados e, sobretudo, a presença efetiva do governo federal nas fronteiras, com as Forças Armadas e a Polícia Federal. “A partir das fronteiras, entram grande parte dos armamentos pesados e entorpecentes, que não são produzidos no Brasil, mas acabam financiando o crime organizado em todo o país”, diz.

Azambuja, ao centro, defende uma maior cooperação de inteligência e atuação de tropas federais nas fronteiras (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Quem também defendeu a blindagem das fronteiras foi o governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, além da criação de um núcleo central de inteligência para compartilhar informações de todos os estados. “O mais importante é conscientizar o governo federal para blindar as fronteiras. Não adianta combater o tráfico de armas na Rocinha, no Rio de Janeiro, se não fizermos esse controle. Essas armas não são produzidas lá, elas vêm de outros países”, explica.

O Encontro de Governadores do Brasil terminou com a elaboração da Carta do Acre, um documento propositivo e progressista para a política de segurança nacional do país, que deve ganhar um novo rumo daqui pra frente. O objetivo é preservar a integridade de tantos jovens e pais de família que pagam com a vida o preço de um país violento. O debate está aberto e o Acre deu o primeiro passo.

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