Palestras e orientações são realizadas em programação do Outubro Rosa no Presídio Feminino de Rio Branco

O Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) iniciou na última segunda-feira, 19, uma vasta programação alusiva ao Outubro Rosa, mês destinado à campanha de prevenção ao câncer de mama. Durante nove dias, as detentas da Unidade de Regime Fechado Feminina de Rio Branco participam de palestras, ações de vacinação, testes rápidos, exames ambulatoriais e laboratoriais.

Durante a abertura do evento, a autora Maria Inêz Pereira de Melo palestrou sobre a experiência vivida na luta contra o câncer e o livro Transformando dor em alegria, de sua autoria. “Ter um diagnóstico de câncer é como ter uma sentença de morte. O câncer é uma doença grave que requer cuidados antecipados. A maior importância de se prevenir é o diagnóstico precoce, é descobrir a doença quando ela ainda está no início e não evoluiu. Quanto mais o diagnóstico for precoce, maior a chance de cura”, disse.

Maria Inêz Pereira de Melo palestrou sobre a experiência vivida na luta contra o câncer e o livro Transformando dor em alegria, de sua autoria Foto: Elenilson Oliveira

Para o presidente do Iapen, Arlenilson Cunha, a programação demonstra o comprometimento e a preocupação do órgão com a saúde das detentas. “Estamos falando de algo muito importante que é a prevenção. Existem várias fases: a prevenção, o diagnóstico e o tratamento, e a pior é o tratamento. Aqui estamos na fase primária que é a prevenção, o que ajudará essas mulheres a não chegarem nas demais fases”, destacou.

Todas as detentas serão contempladas com a programação Foto: Elenilson Oliveira

A detenta Janete Patrícia dos Santos afirmou que se sente lisonjeada e agradecida pela oportunidade oferecida pela instituição. “Esse projeto é maravilhoso pois ele trabalha a prevenção contra o câncer que mata tantas mulheres. Eu me sinto lisonjeada em participar. Para mim tudo que vier nesse projeto será bem absorvido”, afirmou.

Se toca, menina

A chefe do Departamento de Reintegração Social, Liliane Cavalcante, explicou que a campanha interna da unidade usa a frase “Se toca, menina”, para chamar a atenção das presas não apenas para o câncer de mama, mas também para a realidade de vida.

“Se toca, menina. Se toca para a vida, se toca para a realidade que você vive hoje, o que te fez chegar até aqui, se toca para ver os sintomas que você sente, e para se prevenir. Se nós nos prevenirmos e pensarmos nas consequências das nossas ações, podemos evitar muitas coisas ruins nas nossas vidas”, disse a chefe de departamento às detentas.

Saúde ampla

Pensando na saúde de forma mais ampla, outras ações foram incorporadas à programação do Outubro Rosa na Unidade Penitenciária. Desta forma, na manhã desta quarta-feira, 21, as detentas participaram de uma palestra sobre a Síndrome Alcoólica Fetal, ministrada pelo casal Cleiver Lima e Cleísa Brasil – pais adotivos de uma menina de 10 anos, com a síndrome.

Após o diagnóstico da filha, o casal resolveu levar informações sobre a síndrome para a sociedade. “A síndrome não tem classe social. No início, nós ficamos muito preocupados porque nós não somos médicos, mas na prática nós temos a convivência com a síndrome. Então, para que outras famílias não sejam afetadas e passem pelo que nós passamos, nós estamos nessa campanha, para que onde houver espaço para nós, possamos estar lá”, explicou Cleiver Lima.

Casal Cleiver Lima e Cleísa Brasil palestraram sobre a Síndrome Alcoólica Fetal Foto: Elenilson Oliveira

Cleísa Brasil, explicou que a Síndrome Alcoólica Fetal é provocada pelo consumo de álcool durante a gravidez e que, portanto, pode ser evitada. “Existem momentos mais críticos, como o primeiro trimestre, que é normalmente o momento em que a mulher ainda não sabe que está grávida. Se a mulher bebe, ela corre o risco de afetar seriamente a criança”, afirmou.

Ela também ressaltou que uma hora após a ingestão da bebida alcoólica, a quantidade de álcool contida no sangue da mulher equivale à mesma quantidade no sangue da criança. “A maioria das pessoas não tem noção do quanto o álcool pode afetar a criança, ele é mais nocivo para o feto do que outras drogas como a cocaína e o craque”, frisou.

A gerente da Divisão de Assistência Social e Atenção à Família do Iapen destacou que esta é uma temática de saúde pública que atinge a população em geral. “Nós também sabemos que a população carcerária feminina tem vivência com o álcool antes de chegar na instituição e que, quando elas saírem, irão voltar para a realidade delas. O nosso intuito é fazer esse trabalho de forma preventiva e fortalecer o conhecimento delas sobre a temática”, finalizou.

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