Processo de criação do Parque Municipal Plácido de Castro continua com musealização de referências históricas no local da emboscada que culminou com a morte do herói da Revolução Acreana
Uma instalação composta de oito esculturas representando um dos momentos mais dramáticos da Revolução Acreana foi inaugurada durante cerimônia de lançamento do conjunto de referências que compõem o museu a céu aberto em homenagem a Plácido de Castro, na área do Seringal Benfica. Esta é uma das etapas do processo de criação do parque municipal que leva o nome do herói e que marcou o entardecer deste sábado, 30. Durante o ato, foi lançada a reedição do livro Navegação do rio Acre, de autoria de Plácido de Castro e encenada parte da ópera Aquiry – A luta de um povo, sob a regência e direção do maestro Mário Lima Brasil.
O termo de cooperação para a criação do parque foi assinado pelo Governo do Estado, Prefeitura de Rio Branco, Incra (que passa para o município a responsabilidade sobre a área), e o 4º BIS no dia 11 de agosto 2008, data do centenário da morte do revolucionário.
Situado na Área de Proteção Ambiental do Amapá sintetiza a importância histórica, cultural, ambiental e paisagística do local. Em 12 hectares, entre o rio Acre e o igarapé Distração, a população terá acesso a locais que fazem alusão aos últimos momentos de Plácido de Castro. "Uma trilha levará ao exato ponto onde o coronel Plácido de Castro foi enterrado", explica a chefe do Departamento de Patrimônio Histórico e Cultural do Acre, Suely Melo.
A meta do Governo do Acre é fazer um resgate histórico-cultural da região integrada à agenda turística da rota "Caminhos da Revolução" (composta por museus da cidade de Rio Branco, chalé do seringal Bom Destino, cidade de Porto Acre, Quixadá onde está localizado o cenário da minissérie "Amazônia – de Galvez a Chico Mendes", exibida pela Rede Globo ano passado).
O investimento integra uma ação de Governo que concretiza o projeto de renovar a identidade cultural e histórica do povo acreano. "O Governo apenas está ajudando neste resgate histórico. Esse símbolo, que é Plácido de Castro, incentiva e mobiliza a juventude para seguir este exemplo. Não é possível que um Estado se fortaleça sem olhar para trás, para o passado. Este ambiente, criado também pelos amigos de Plácido de Castro, tem a intenção de reparar uma injustiça histórica com o herói do Acre", disse o governador Binho Marques.
Na lápide, que compõe o conjunto do patrimônio histórico do local, se lê: "Foi aqui que caiu ferido pelas balas traiçoeiras de assassinos desnaturados, o grande patriota acreano Coronel Plácido de Castro".
Os moradores das comunidades próximas ao Seringal Benfica compareceram ao evento e se emocionaram com a solenidade. A guarda fúnebre do 4º BIS lançou três salvas de tiros e entoou o toque fúnebre em homenagem a Plácido de Castro. Pedro do Carmo Barbosa, um dos moradores antigos do local, acredita que todos irão ganhar com a criação do parque. "Acho justa essa homenagem a esse herói do Acre", disse.
Oito das 32 cenas mais importantes da ópera Aquiry – A luta de um povo foi encenada por 15 figurantes, 40 músicos na orquestra e quatro solistas. O barítono Homero Velho interpretou o coronel Plácido de Castro. O maestro Mário Brasil destacou que esta apresentação teve uma emoção especial e que comove por ser encenada no local onde cem anos antes ocorreu o episódio.
O acreano e sua história – Confeccionadas em fibra de vidro em menos de dois meses, as esculturas criadas por Christina Motta contam um dos momentos mais tensos da Revolução Acreana. São oito peças que descrevem os últimos momentos do herói revolucionário antes da emboscada no 9 de agosto de 1908, que culminou com sua morte dois dias depois no Seringal Benfica. A artista plástica é autora das esculturas de anônimos instaladas no Novo Mercado Velho, do escritor Juvenal Antunes (em frente à Fundação Elias Mansour), de Chico Mendes e o filho Sandino (na Praça Povos da Floresta) e de Thaumaturgo Filho (em Cruzeiro do Sul).
Para esculpir os personagens deste episódio, Christina diz que contou com a ajuda incansável do historiador Marcus Vinícius, presidente da Fundação Garibaldi Brasil que a subsidiou de fotos e ilustrações disponíveis. Sobre sua relação com o Acre a escultora se diz impressionada com a afinidade do acreano com sua própria história. "Se gostarem do meu trabalho, o que quiserem que eu faça eu venho fazer", garante.