Instituto Raoni Vilas Boas inicia ações de educação ambiental e sustentabilidade na Amazônia

Fundado em janeiro deste ano, em Osasco (SP), o Instituto Raoni Vilas Boas (Meio Ambiente, Educação, Sustentabilidade) acaba de fazer sua primeira ação na Amazônia: na comunidade Estorrões, situada no Médio Juruá, entre os municípios de Ipixuna e Eirunepé, no Estado do Amazonas, uma equipe capacitou os comunitários para a meliponicultura – criação de abelhas sem ferrão – e fez os levantamentos preliminares para instalação de olaria ecológica e construção de fossas ecológicas nas casas das 20 famílias lá residentes.

  Proposta do Instituto é disseminar o projeto no Acre (Foto: Onofre Brito/Secom)

Proposta do instituto é disseminar o projeto no Acre (Foto: Onofre Brito/Secom)

A equipe composta por Flavio Cayres Penegondi, Pablo André Sotello (consultor jurídico), Ipojucã Vilas Boas (músico) e Peter Hans Muller (engenheiro agrônomo) disse que está disposta e estender seu trabalho também para o Acre, estabelecendo parcerias para disseminar a meliponicultura (trabalho já iniciado no Vale do Juruá pela Secretaria de Pequenos Negócios), e instalar bioconstruções, especialmente em comunidades isoladas e ribeirinhas, de modo a preservar a qualidade da água e garantir a vida em ambiente mais saudável.

Meliponicultura

Como explica o agrônomo Peter Hans Muller, pesquisador da Embrapa, em Belém (PA), meliponicultura é a arte e ciência de criar abelhas sem ferrão. Elas são as maiores polinizadoras da floresta, são endêmicas nas Américas e a Amazônia tem a maior diversidade de espécies. Muller destaca a importância das abelhas na sobrevivência da humanidade, lembrando que Einstein dizia que, se tirassem as abelhas do planeta, em quatro ou cinco anos acabaria a vida humana, pois elas estão diretamente relacionadas à produção de alimentos.

“A comunidade dos Estorrões é de certa forma extrativista e de uma religião ligada à natureza [Santo Daime], além dos valores espirituais. Então a gente viu a abelha como um grande vetor dessa linguagem agroecológica, dessa sustentabilidade, revertendo algumas práticas um tanto predatórias para o sistema e para eles mesmos”, disse.

Ocorre que culturalmente os moradores da floresta utilizam uma forma de tirar o mel, chamada “meleiro”, em que a árvore que contém a colmeia é derrubada e se abre um buraco nela para retirar o mel, enquanto a colônia de abelhas fica jogada no chão, sendo geralmente exterminada. Aos moradores dos Estorrões foram ensinadas a técnica de retirada dos enxames sem derrubada de árvores, a construção das caixas de abelhas, especialmente projetadas para abelhas sem ferrão, e a importância da cultura que contribui para a segurança alimentar, para medicamento com a utilização da própolis e ainda uma renda extra, pois existe mercado regional para esse mel na própria região, por serem conhecidas suas propriedades medicinais, além da possibilidade de exportação e ainda a importância das abelhas devido à polinização.

Quem foi Raoni Vilas Boas

Raoni Vilas Boas foi assassinado juntamente com o pai, o cartunista Glauco Vilas Boas, líder da Igreja daimista Céu de Maria, na madrugada de 12 de março de 2010, em Osasco (SP), na Grande São Paulo. Considerado esquizofrênico, o assassino confesso, Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, cumpre regime de internação em hospital psiquiátrico segundo decisão da Justiça Federal do Paraná.

Raoni era um jovem preocupado com as questões ambientais – segundo conta seu irmão Ipojucã -, e o surgimento do instituto vem em decorrência disso. Em 2009, Raoni conheceu a comunidade dos Estorrões, onde deixou saudades devido à sua personalidade extrovertida e alegre, e por isso o instituto abraçou a causa. A comunidade pretende que seus projetos lá executados sirvam de vitrine, para que outras comunidades também sejam beneficiadas com ações de educação e sustentabilidade.

A prefeitura de Osasco firmou parceria com o instituto, que hoje é gestor do Parque Ecológico Chico Mendes, naquele município.

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