No dia 22 de março celebra-se o 20º Dia Mundial da Água e o governo dá continuidade ao Programa de Conservação e Recuperação de Nascentes e Matas Ciliares da Bacia do Rio Acre, com a entrega de mais uma Unidade Demonstrativa (UD) de recuperação de área de preservação permanente, no município de Brasileia.
A UD representa um ambiente de pesquisa e de referência para ribeirinhos que tenham interesse em recuperar as matas ciliares do Rio Acre, contribuindo para a manutenção da água em quantidade e qualidade, sendo ainda importante na captura de gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global. A Unidade foi inaugurada na última sexta, 16, na propriedade de Francisco Farrapo, na Colônia Nossa Senhora da Conceição. A inauguração coincidiu com o lançamento das comemorações do Mês das Águas no Estado, que se estendem até o dia 19 de Abril.
O Programa de Conservação e Recuperação de Nascentes e Matas Ciliares contempla os oito municípios do estado banhados pelo Rio Acre e atua na sensibilização e apoio aos produtores para o reflorestamento das Áreas de Preservação Permanente (APP), ou áreas compostas pela vegetação nativa que margeia os rios. As APPs são protegidas pelas leis ambientais, uma vez que atuam como uma barreira natural que impede os deslizamentos e o consequente assoreamento de nossos cursos d’água.
O secretário de Meio Ambiente Edegard de Deus explica que o Programa foi iniciado em Porto Acre e, desde então, vem procurando atender todos os municípios do estado banhados pelo Rio Acre. “Esse programa foi uma ideia do governador Tião Viana para garantir o futuro das populações ribeirinhas. Ao longo do tempo, as pessoas foram se estabelecendo às margens e desmatando as cabeceiras para garantir a sobrevivência. Fizemos uma análise da situação e detectamos que já existem mais de 61 mil hectares de áreas desmatadas na bacia do Rio Acre. Isso prejudica muito o rio e, com o tempo, pode inviabilizar a própria produção, porque as nascentes acabam secando rapidamente e o rio, sem uma proteção florestal em suas margens, está mais sujeito às inundações e aos enormes prejuízos que causam”, conclui.
Articulação e sensibilização para um trabalho bem-sucedido
Francisco Farrapo, proprietário da área, também aprova a iniciativa. Ele confessou que, no passado, precisou derrubar uma considerável quantidade de mata nativa e árvores nobres para sobreviver, mas hoje enxerga a situação com outros olhos: “Penso no futuro, porque se não preservar isso aqui, o que vai restar para os meus filhos?” indaga.
Francisco contou que sua UD possui muitas espécies plantadas, como pupunha, cupuaçu, graviola, araçá-boi, patuá, abacaba, açaí, mogno, cerejeira, jatobá, cumaru ferro e cedro. “As árvores nobres não vão ser derrubadas, porque valorizam minha propriedade. Já as espécies frutíferas eu pretendo comercializar todas, porque aqui na fronteira isso dá muito dinheiro. Já tenho 5.400 mudas plantadas aqui e pretendo colocar mais duas mil”, afirma. Além dessas ações, Farrapo também está plantando 300 castanheiras como forma de compensar a natureza pelos danos que causou à floresta no passado.
A responsável técnica pela implantação das UDs e coordenadora do Departamento de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental da Sema, Maria Marli Ferreira, explica que, apesar dos poucos recursos disponíveis, o trabalho tem sido bem-sucedido, porque se beneficia da articulação de vários atores institucionais e sociais: “Esta UD é uma área de três hectares onde foram plantadas cerca de mais de cinco mil mudas nativas e frutíferas para a recomposição da APP. Esta iniciativa aqui em Brasileia só foi possível com o apoio da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), da Prefeitura de Brasileia, do Depasa e, especialmente, dos familiares do proprietário, que são os atores principais neste processo”, concluiu.
Cooperação pela água
A necessidade de cooperação pela água remete a ações em vários níveis: desde o manejo de aquíferos subterrâneos e bacias compartilhadas – a exemplo da bacia do rio Acre – ao intercâmbio de dados científicos e estratégias de recomposição florestal às margens dos rios.
No ano em que a Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu a Cooperação Internacional pela Água como tema central, a Sema aposta na adesão gradativa dos produtores que desmataram excessivamente suas propriedades ao longo da bacia do rio Acre. Por meio da sensibilização e capacitação em agroecologia e recuperação, além de troca de experiências bem-sucedidas, está sendo possível criar uma consciência ecológica nas populações ribeirinhas, além de garantir o reflorestamento nas APPs, indispensáveis à saúde do rio.
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Autoridades Presentes ao Evento
– Secretário de Meio Ambiente do Estado do Acre – Carlos Edegard de Deus e equipe técnica
– Presidente da Câmara de Brasileia – Sr. Mário Jorge Fiesca
– Gerente de Meio Ambiente de Brasileia – Ana Cleice
– Representante do Depasa/Regional Brasileia – José Araújo
– Representante da Seaprof de Brasiléia – Neide Ferreira
– Representante da Comunidade Bajo Virtude – Bolívia – Walter Alcazar
– Produtores rurais cadastrados no Programa{/xtypo_rounded2}