O governo federal está destinando a quantia de RS 800 mil em recursos para serem aplicados no Parque Estadual do Chandless, por meio do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). Recepcionados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e visando seu gerenciamento, representantes da Sema participaram da I Oficina de elaboração dos Planos de Trabalho e Planejamento da gestão das Unidades de Conservação (UCs), do Arpa, para o biênio 2014/2015, em Brasília, entre os dias 11 e 13 deste mês.
O investimento será aplicado em diversas atividades necessárias ao Parque Estadual do Chandless – que conta com uma área de 670.135 hectares –, implantando seu plano de manejo e possibilitando a gestão das ações ambientais e sociais realizadas na unidade, tais como:
- – integração com o entorno – realização de diálogos com a população do interior da UC e seu entorno, tendo como principal parceiro o Conselho Gestor da Unidade;
- – proteção e manejo – fiscalização e proteção da biodiversidade;
- – operacionalização e pesquisa e monitoramento – apoio às ações de pesquisas sobre a flora, a fauna, a socioeconomia e a cultura local.
Participaram da oficina representando a Sema/AC o gestor do Chandless, Jesus de Souza, e a coordenadora do Departamento de Áreas Protegidas e Biodiversidade, Cristina de Lacerda.
O secretário de Meio Ambiente do Acre, Carlos Edegard de Deus, diz que a continuidade do apoio do governo federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente (MMA)/Programa ARPA, é importante, pois a gestão do Chandless tem um significado especial para a proteção da biodiversidade do Acre.
“Parabenizo o esforço dos funcionários da Sema para viabilizarem o Chandless como uma das áreas de excepcional interesse para a pesquisa e proteção da biodiversidade amazônica”, avalia Edegard.
Para o gestor do Parque Estadual Chandless, Jesus de Souza, a oficina possibilitou destacar os pontos fundamentais para o gerenciamento e investimento do recurso obtido, além da troca de informações, em nível nacional, sobre as Unidades de Conservação.
“A oficina foi importante para a troca de informações entre os gestores de unidades de conservação estaduais e federal, onde existem situações similares na gestão das Unidades. Permitiu também uma atualização dos procedimentos do Programa Arpa e um estreitamento das relações entre os gestores e a Unidade de Coordenação do Programa”, afirma Jesus.
De acordo com o coordenador do Arpa, Sérgio Carvalho, outros encontros serão realizados para serem debatidas as estratégias de planejamento dessas áreas protegidas: “Até o fim de novembro, outras duas oficinas serão promovidas em Brasília e, dessa forma, representantes de todas as 95 Unidades de Conservação apoiadas pelo Arpa terão a oportunidade de formular seus planejamentos para o próximo biênio”, disse.
O que é o Arpa
O Arpa é um programa do governo federal e tem como objetivo consolidar e manter as unidades de conservação da Amazônia – uma média de 60 milhões de hectares –, promovendo o desenvolvimento sustentável dessas áreas. A maior parte dos recursos é captada no exterior, sob o gerenciamento do governo brasileiro. As instituições financiadoras são o BID (Banco Mundial), WWF, KFW, GIZ (Cooperação Alemã) e GEF (Global Enviroment Facility), sendo que, recentemente, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) também está investindo consideravelmente.
{xtypo_rounded2}
Parque Estadual Chandless
O Parque Estadual Chandless é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, criada pelo Decreto 10.670, de 2 de setembro de 2004. Possui área de 670.135 hectares, representa 4,23% do território do Acre e abrange Santa Rosa do Purus (161.630 hectares – 24,12%), Manoel Urbano (445.208 hectares – 66,44%) e Sena Madureira (63.296 hectares – 9,45%), tendo como limites o marco internacional da fronteira Brasil/Peru – localizado próximo à nascente do Rio Santa Rosa –, e se limita também com Feijó e Manoel Urbano.
O acesso à área é considerado extremamente difícil – feito inicialmente por via terrestre, saindo de Rio Branco até Manuel Urbano, e de lá até a sede da UC, por via fluvial. Também é possível acessar a UC por fretamento aéreo, saindo de Rio Branco e pousando na unidade. A vegetação do local também é considerada inóspita, devido à presença de florestas com alta concentração de bambu com espinhos.
A área está totalmente situada dentro dos limites do corredor verde do Oeste da Amazônia, um dos cinco para a região Amazônica estabelecida pelo Ibama e está adjacente à áreas protegidas e terras indígenas no lado peruano – onde, recentemente, espécies raras e endêmicas foram identificadas. É potencializado também por se configurar como corredor local, pois permite conectar duas áreas indígenas (Rio Purus e Mamoadate) e a Estação Ecológica do Rio Acre.
O Parque está localizado em uma das regiões menos conhecidas do estado, em termos de riqueza biológica, a região do Alto Purus, nas bacias dos rios Purus e Chandless. Esta região é considerada o centro de distribuição dos tabocais do Sudoeste da Amazônia, onde ocorrem florestas dominadas por bambus arborescentes do gênero Guadua. Seus limites são: ao Norte, a Terra Indígena Alto Rio Purus; ao Sul, a Terra Indígena Mamoadate; a Oeste, a República do Peru – com limites diretos com as UC’s Parque Nacional Alto Purus e Reserva Comunal Purus –; e a Leste, a Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema. Compõe dois corredores ecológicos importantes, o que abrange as terras brasileiras, denominado de Corredor do Sudoeste Amazônico, e o corredor peruano, denominado de Corredor da Conservação Vilcabamba-Amboró.
O objetivo da Unidade é “assegurar a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico”.{/xtypo_rounded2}