Governo e Incra levam crédito rural a famílias produtoras de Manoel Urbano

“A última vez que uma equipe do governo tentou chegar aqui no inverno pra entregar uns títulos, no ano passado, eles desistiram no meio do caminho e ficaram com raiva porque tavam com lama até o joelho”, brinca o produtor Francisco Neves, ao falar sobre a dificuldade de chegar até o Projeto de Assentamento Itaúba, localizado no município de Manoel Urbano, num ramal de 40 quilômetros, localizado à beira do Rio Purus.

Ainda assim, o desafio foi encarado por uma equipe do Governo do Estado, com servidores da Secretaria de Produção e Agronegócio (Sepa), e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que levaram para a comunidade 56 linhas de crédito para as famílias produtoras da comunidade.

Produtores da comunidade do Itaúba foram beneficiados com duas linhas de crédito Foto: Samuel Bryan/Secom

Composta por uma sede às margens do Purus e loteamentos com cerca de 100 hectares cada, o Itaúba foi organizado pelo Incra há quase uma década, possuindo mais de 200 lotes, onde vivem mais de 300 pessoas.

Com a regularização em dia, por meio de uma parceria entre o Incra  e o Governo do Estado, com empenho do escritório local da Sepa, as famílias passaram a ter acesso a dois créditos, o Fomento e o Fomento Mulher, que, juntos, liberam até R$ 11.400, com uma alta taxa de subsídio.

Cemilla Carmo, chefe de departamento de fomento e mecanização da Sepa, lembra que o desenvolvimento do agronegócio é uma das principais políticas públicas do plano de governo de Gladson Cameli, e que, estimular tanto a regularização fundiária quanto o acesso ao crédito para os pequenos e médios produtores, é dar uma oportunidade a esse crescimento econômico e social.

“O governo trouxe hoje a oportunidade dos produtores investirem em suas propriedades. É um crédito do Incra que fornece aos beneficiários da regularização fundiária um subsídio de até 80% no crédito exclusivo pra ele usar em sua propriedade, para ele crescer”, destaca Cemilla.

De melhorias a herança

O Elionor de Oliveira e Isaías Castro (C) destacam que vão poder melhorar a propriedade e a vida Foto: Samuel Bryan/Secom

Enquanto o crédito Fomento é usado para viabilizar projetos produtivos de promoção da segurança alimentar e nutricional e de estímulo à geração de trabalho e renda num valor que pode chegar até R$ 6,4 mil, o Fomento Mulher é determinado para implantar projeto produtivo sob responsabilidade da mulher titular do lote no valor de R$ 5 mil.

Moradores do Itaúba, o casal Elionor de Oliveira e Isaías Castro nasceu e se criou na comunidade, nunca se mudou, e considerou o assentamento um lugar muito bom de se viver. Com cinco filhos criados e casados, eles brincam que agora é curtir o restante da vida um com o outro e comemoram o dinheiro que chega numa boa hora pra investir ainda mais na propriedade.

“Esse dinheiro vai servir pra muita coisa. Eu quero fazer o curral do lado do meu campo, criar umas galinhas e mais outras coisas se Deus permitir. Isso garante pra minha família paz, tranquilidade e o necessário. Tô feliz, esse dinheiro vai nos fazer muito bem”, conta a senhora.

Sebastiana Lima e Antônio Lima são outro casal que mora no Itaúba há 15 anos. Com 11 filhos e seis netos, plantam roça, milho, abacaxi e banana na propriedade, sonhando em investir em gado para gerar um fortalecimento do lote que ficará um dia para os filhos.

“Com esse dinheiro, a gente vai comprar umas coisas que precisa pra ajudar na colônia. Dá pra produzir mais agora”, conta Antônio. Para Sebastiana, o sentimento de pertencimento ao Itaúba só aumenta: “Eu não quero sair daqui não, quero continuar na minha colônia. O sonho da gente sempre foi de produzir mais no lote e zelar, comprar um gado, melhorar porque também é herança, né? Tem que deixar pros filhos”.

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