Novo passo

Governo articula compra de feijão entre comunidade indígena e iniciativa privada

Fazendo parte da proposta do governador Gladson Cameli de expandir o agronegócio no Acre, do pequeno ao grande produtor, a Secretaria de Produção e Agronegócio (Sepa) conseguiu articular nas últimas semanas um acordo comercial entre a Associação do Povo Ashaninka do Rio Envira, em Feijó, e a iniciativa privada para a compra do feijão produzido pela comunidade.

Comunidades indígenas que produzem feijão poderão ter um mercado garantido a partir de agora Foto: Assessoria Sepa

Tudo começou quando um morador da comunidade indígena dos Kampa, desceu o rio Envira por mais de uma semana de barco até Feijó com o objetivo de vender sua pequena produção de feijão do tipo mudubim – orgânico e de alta qualidade – aos compradores que o esperavam no porto do município. Sem sucesso na venda e com 350 kg do produto parado, apenas com a articulação da Sepa que foi possível a venda para um grupo comercial interessado no produto.

Além de sucesso na venda, o negócio abriu uma nova perspectiva. Com o objetivo de comercializar 20 toneladas de feijão com o mercado paulista, o grupo comercial agora deseja aumentar a parceria com grupos indígenas que tenham essa produção.

Ricardinho Ashaninka, cacique do povo Ashaninka/Kampa do Alto Rio Envira, foi o interlocutor. A cultura Ashaninka valoriza muito o trabalho produtivo, a forma de lidar com a terra e a produção de alimentos, mas destaca que faltava apenas um olhar mais respeitoso e solidário do Estado para esse tipo de produção.

Frequentemente encontrando líderes indígenas e abrindo caminhos de diálogos sobre como avançar no setor produtivo e agricultura familiar, o secretário Paulo Wadt reforça que essa é uma política pública extremamente necessária.

Acordo começou com a Sepa articulando a venda de feijão de um produtor indígena para a iniciativa privada Foto: Assessoria/Sepa

“O governo, sem uso de recursos, sem onerar o Estado, ou apelar ao assistencialismo, conseguiu unir o empresário da livre iniciativa com o produtor indígena. Esse é apenas o início de grandes parcerias. Começou com a aquisição do feijão, depois serão outros grãos, frutas e produtos das aldeias. A Sepa está estabelecendo contato com associações, organizações, federação indígenas e com a própria Funai para que, no próximo ano, já tenhamos equipes técnicas atendendo às comunidades indígenas que solicitarem. E é para essas pessoas que o governo Gladson Cameli quer abrir novas oportunidades”, conta Wadt.

União pelo trabalho

Na perspectiva de atender numa escala crescente os produtores, do pequeno ao grande, as equipes da Sepa presentes em todos os municípios do Acre vêm articulando várias ações em parceria com outros órgãos governamentais, organizações de base e associações de pequenos produtores.

No início do mês de agosto, o secretário Paulo Wadt e o presidente da Empresa de Assistência Técnica Rural (Emater), Tião Bocalom, estiveram presentes na sede da Organização dos Povos Indígenas do Rio Envira (Opire), que representa as quatro etnias que habitam o Baixo, Médio e Alto Envira, no município de Feijó.

Em agosto, Paulo Wadt e Tião Bocalom deram um grande passo no diálogo com comunidades indígenas Foto: Assessoria Sepa

Representantes das etnias Ashaninka, Huni-Kuin/Kaxinawa, Madja/Kulina e Shanenawa estiveram presentes ao encontro. Todos os grupos indígenas demonstraram interesse em receber assistência técnica e fomento à produção em suas terras, ressaltando a importância da conservação das espécies nativas e nascentes d’água, unificando preservação ambiental e cultural.

Como o objetivo do governo do Estado é impulsionar a produção e estimular o agronegócio, o primeiro passo tem sido encontrar, entre as diversas comunidades indígenas, quais seriam aquelas que ao longo de décadas foram menos assistidas pelo Estado e quais projetos poderão ser aplicados.

“O objetivo maior não é buscar justificativas nos erros do passado, mas perspectivas reais e sensatas para acertar na visão de futuro. Nesse sentido, a Sepa articulou, por meio de membros da Opire, uma boa parceria”, conta Wadt.