Gerência de Endemias acelera distribuição de mosquiteiros impregnados em Cruzeiro do Sul

Índice de malária diminuiu nos locais onde foi feita a primeira distribuição em 2007

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Mosquiteiros e cortinados impregnados ajudam no combate ao mosquito transmissor da malária (Foto: Onofre Brito/Secom)

A distribuição de mosquiteiros (para rede) e cortinados (para camas) impregnados continua de forma acelerada na zona rural de Cruzeiro do Sul. A firma contratada pelo Governo do Estado para a distribuição está utilizando os serviços de 34 agentes, cada um deles com meta de distribuição de 40 unidades por dia, o que dá para alcançar oito mil por semana, dependendo das condições de tempo, pois quando chove a distribuição fica prejudicada. O monitoramento da distribuição vem sendo feito pela Gerência de Endemias. Os mosquiteiros são provenientes da Ásia e, além de impedir a entrada, mata o anofelino, que é o mosquito transmissor da malária. 

A gerente de Endemias, Simone Daniel da Silva, informa que a distribuição começou em dezembro de 2009 e foi intensificada a partir do dia 23, após a chegada de um lote de 26 mil mosquiteiros e cortinados. Segundo disse, a zona rural do município será priorizada, devendo atingir 86 comunidades rurais. Nesta semana estão sendo distribuídos cortinados no Projeto Santa Luzia, ao longo da BR-364, na Vila Alagoinha, nos ramais 11, 12 e 13, Gleba 1, ramal da Lua Clara, ramal do James, ramal 8, ramal Retumba,  fundiária do ramal 12 de Setembro. Ontem foi distribuído no ramal 02 e em seguida nas proximidades do ramal 05 e no estirão do ramal 03.  Hoje uma equipe iniciou a distribuição na região da Boca da Alemanha. Também há uma equipe fazendo a distribuição ao longo do rio Juruá, começando pela comunidade Olivença, até os limites de Cruzeiro do Sul.

Os agentes chegam às casas e deixam os mosquiteiros e/ou cortinados para todos da família. Antes explicam os procedimentos necessários para garantir a durabilidade dos mosquiteiros. São cuidados simples: lavagem apenas de três em três meses e apenas com água e sabão sem esfregar e sem expor ao sol. Nas casas beneficiadas também são distribuídos calendários onde são destacadas as datas de lavagem, além de conselhos práticos de como evitar o contato com o anofelino, que é o mosquito transmissor da malária.

A senhora Lindomar Vasconcelos, moradora na Estrada do IEVAL, recebeu hoje os cortinados. Ela contou que o marido já pegou malária oito vezes e manifestou a esperança de que agora a malária vai se afastar de sua casa. A jovem estudante Júlia Gabrieli Maciel – também moradora na localidade Boca da Alemanha quase perdeu a conta, mas já pegou malária "umas dez vezes" – segundo disse. Em sua casa moram três pessoas e todas já contraíram a doença. Para ela, a chegada dos cortinados impregnados é muito importante. "Espero não perder mais aulas agora", disse.

Maria Solange Lima da Fonseca é diretora da Escola Santa Luzia, que fica localizada na localidade Canela Fina. Ela está com malária. Ficou muito animada com a chegada dos cortinados em sua região. "Chegaram na hora certa", disse.  Ela contou que a malária causa muita evasão escolar e faz as pessoas perderem o trabalho.

Maria da Conceição Lima também mora em Canela Fina. Sua família é composta por seis pessoas e todas já pegaram malária. Ela está acreditando nos cortinados. Tendo recebido o cortinado na quarta-feira, já na quinta-feira pode observar vários anofelinos mortos perto dos cortinados. "Parece que com um dia de uso os mosquitos já diminuíram", disse.

Primeira distribuição diminuiu a malária

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Com a entrega do novo material pela Secretaria de Saúde reduz o índice de infestação da doença (Foto: Onofre Brito/Secom)

Em dezembro de 2007, a Secretaria de Saúde do Estado distribuiu sete mil mosquiteiros na vila Assis Brasil, no Macaxeiral, Areal, Santa Luzia, Pentecostes, BR-364, Santa Maria, Belo Monte, Aurora, Carobas, Boca do Moa, Ramal da Mariana e Santa Bárbara. Os critérios para escolha dos locais foram: alto índice de malária em geral, alto índice de Falsiparum, que é um tipo de malária mais violenta e grande número de mulheres grávidas. Segundo Simone nestas localidades os casos de malária diminuíram bastante. Ela conta que devido à constatação dos resultados positivos, o senador Tião Viana ficou animado em destinar emenda exclusivamente para a compra de mosquiteiros. Com emenda individual do senador no valor de R$ 1,5 milhão, foi possível adquirir 75 mil mosquiteiros, que estão sendo distribuídos em todo o Estado.  Destes, cerca de 40 mil tocarão aos moradores do vale do Juruá.

Moradores da Vila Assis Brasil confirmaram a mudança que houve desde a distribuição, em 2007. A senhora Edileusa Torres Celestino, conta que em sua casa moram sete pessoas. Todas já pegaram malária, mas depois de dezembro de 2007 quando foi feita a primeira distribuição de mosquiteiros ninguém pegou mais.

A senhora Maria Costa de Souza também moradora da Vila Assis Brasil disse que na localidade tinha muita malária. Na sua casa todos tinham cortinados comuns, mesmo assim todos da casa pegaram malária. Depois da distribuição de cortinados a situação melhorou muito, não só na sua casa, mas em toda a vizinhança. "Tinha casa onde todos pegavam e daí complicava muito".

O sub-prefeito da Vila Assis Brasil, Ocenir Maciel, também confirma a diminuição: "Sem dúvida o índice caiu bastante. No período em que a malária atacou, a produção da Vila caiu muito. Agora com os mosquiteiros a malária está controlada".

Simone Daniel explica que os mosquiteiros e cortinados vêm somar no combate à malária, mas a Gerência de Endemias continua com seu trabalho normal como borrifação intra-domiciliar e borrifação espacial que vem sendo feito na região da Boca da Alemanha, Igarapé Preto e Aeroporto Velho – todos eles locais de alta incidência de malária. Além disso, os agentes prosseguem em ações de prevenção explicando às pessoas como entender os sintomas da malária, como usar os mosquiteiros, os hábitos do anofelino e os cuidados ao acampar próximo a rios, igarapés, lagos e igapós, etc. E ainda cuidam das emergências com coleta de lâminas, diagnóstico e tratamento. Ela alerta que a prevenção é preconizada pelo SUS, mas para o sucesso da mesma é preciso mobilização social e mudança de atitude da população. "Não é só a ação do Estado, a população precisa ser conscientizada para participar", ressaltou.

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