Saúde

Fabricantes manifestam desinteresse na venda de 38, de 88 remédios para câncer, no Acre

Sesacre já abriu novo processo licitatório e lamenta situação, já que a falta de remédios como o Maleato de Sunitinibe, por exemplo, decorrem da falta de interesse das empresas fabricantes pelo processo licitatório 

Dos 88 medicamentos oncológicos – para tratamento de câncer – pelo menos 38 deixaram de ser adquiridos pelo Governo do Estado do Acre porque não houve interesse de vendê-los por parte dos distribuidores e fabricantes desses fármacos, no processo licitatório aberto em janeiro deste ano.

Esta situação, cujo termo técnico em licitação é classificado como deserto, é o motivo para que os pacientes em tratamento na Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), em Rio Branco, não estejam tendo acesso aos remédios.

Silvio Charles de Mesquita Gomes, diretor-administrativo da Sesacre, afirma que um novo processo licitatório, a exemplo do que foi aberto em janeiro, será iniciado Foto: Odair Leal/Secom

“É lamentável o que vem acontecendo, mas estamos fazendo o que podemos fazer para comprar esses itens em licitações, cujos fornecedores não têm o menor interesse de prover o estado”, alerta Silvio Charles de Mesquita Gomes, diretor-administrativo da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre).

A alegação das empresas é que o custo de fabricação é muito maior que o faturamento do volume que se é pedido pelo estado no processo licitatório.

Como exemplo está o medicamento Maleato de Sunitinibe para inibir o crescimento de tumores. A Sesacre abriu licitação para a compra de 1,2 mil cápsulas por ano, de 12,5 miligramas, de 25 e de 50 miligramas, mas não encontrou vendedor.

“Simplesmente, o número de cápsulas pedidas para o estoque de 2020 não gerou interesse das indústrias. As empresas preferem abdicar de alguns milhões de reais aqui porque o faturamento em outros mercados é infinitamente maior. Esse é o grande problema que vimos enfrentando”, esclarece Mesquita Gomes.

A Sesacre compreende a comoção das famílias e entende que a decisão da Justiça, de obrigar o fornecimento dos fármacos aos pacientes, é louvável. Mas que é preciso responsabilizar as empresas fabricantes e distribuidoras para que estas se sensibilizem com a situação dos pacientes no Acre.

Informa ainda que um novo processo licitatório já foi aberto para sensibilizar os produtores e distribuidores a concorrer novamente.