Durante o evento, o governo do Estado assinou convênios para fortalecer a produção
A Expoacre Juruá 2011 marca o início de uma nova era. De uma tímida feira, basicamente de entretenimento, nas seis edições anteriores, ela deu um grande salto para se tornar a grande feira de negócios e lazer que a região do Juruá fazia por merecer, em razão do crescimento dos últimos tempos. A resposta econômica foi surpreendente: somente nos dois primeiros dias o volume de negócios superou o total realizado durante todo o evento no ano passado. A pesquisa, feita diariamente pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (Sebrae), o principal parceiro do governo do Estado na realização da feira, indicou que na soma de todos os ramos de negócios o faturamento foi superior a R$ 7 milhões.
“A feira aumentou de tamanho, mas, devido ao novo e amplo espaço, isso não transpareceu muito”, disse o gestor da feira pelo Sebrae, Jorge Mazer. Ele elogiou também a decisão do governo em trocar de local. “Na Avenida Mâncio Lima não tínhamos mais espaço. Esse local atual foi uma escolha feliz. As pessoas estão aqui participando, estão felizes, e isso é o que importa. Viemos para um local onde a feira pode crescer mais a cada ano.” Para Mazer, apurados os resultados finais, o faturamento da feira pode chegar a R$ 14 milhões.
A Expoacre Juruá vinha sendo realizada nos últimos anos na Avenida Mâncio Lima, na região central da cidade. A decisão do governador Tião Viana de transferi-la para o estacionamento do Estádio Arena do Juruá teve aprovação popular. Na primeira noite (quinta-feira, 1º), dia em que aconteceu o show de Bruno (da dupla Bruno e Marrone), cerca de 40 mil pessoas se dirigiram ao local da feira. Com amplos locais de estacionamento, além das laterais da Estrada do Aeroporto (AC-405), foi possível abrigar os milhares de veículos de todo o Vale do Juruá, além de caravanas de outros municípios. No domingo, último dia da feira, uma cavalgada reuniu cerca de 50 cavaleiros e mais de 3 mil pessoas para um trajeto que saíra do centro e de vários pontos da cidade em direção ao Estádio Arena do Juruá.
A segurança nos dias do evento foi marcante. Nas três primeiras noites a Polícia Militar fez apenas cinco conduções de pessoas para a área de triagem. O trânsito, apesar dos milhares de veículos que afluíram para a feira, funcionou a contento e não foram registrados acidentes com consequências graves. O rodeio atraiu muita gente. Os touros foram trazidos de Rio Branco, onde já haviam participado da Expoacre. Muita diversão para a criançada, lanchonetes e restaurantes deram conta do recado e faturaram bem.
O estande da piscicultura mostrando os investimentos do governo do Estado e o tanque com pirarucus fizeram sucesso. O estande da Secretaria de Pequenos Negócios valorizou pequenas iniciativas, como a produção de elos artesanais, sabonetes, artesanato regional, roupas e palhetas para barcos.
O secretário Edvaldo Magalhães disse que tirava o chapéu para a decisão tomada pelo governador de mudar a feira de local: “Ele fez uma aposta alta, uma aposta que até causou certo espanto e apreensão na comunidade. Não pode ser apenas uma feira de entretenimento, tem que ser uma feira dos negócios e do entretenimento. Mudou de endereço, fez aposta nesta infraestrutura. Nós estamos num lugar privilegiado, espaçoso, com segurança e capacidade de abrigar confortavelmente esse público”, disse.
Convênios fortalecem a produção
Ficou bem arrumado o estande da Agricultura Familiar, com amostras do trabalho de três importantes secretarias: Secretaria de Indústria Comércio e Tecnologia (Sedict), Secretaria de Extensão Agroflorestal e Agricultura Familiar (Seaprof) e Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seap) e da produção agrícola da região.
Na noite de domingo aconteceram assinaturas de convênios do governo do Estado com associações de produtores, liberação de créditos do Pronaf, além de entrega de três tratores que ficam à disposição da Seaprof para o trabalho de mecanização agrícola e ainda uma camionete para os deslocamentos.
Estiveram presentes ao, ato além do secretário Magalhães, da Sedict, o secretário Lourival Marques, da Seaprof, Franco Severiano, gerente da Seaprof, em Cruzeiro do Sul, o gerente do Banco da Amazônia em Cruzeiro do Sul, Raimundo Lopes, produtores rurais e presidentes de cooperativas e associações.
Os convênios, liberação dos tratores e créditos do Pronaf envolveram recursos superiores a R$ 3 milhões. Um dos convênios tem como beneficiada a Sociedade Agrícola Nova Cintra, gestora de uma bem sucedida indústria sustentável de óleo de murmuru. No valor de R$ 444 mil, o convênio vai possibilitar a compra de um caminhão, recuperação de barcos e motores e ampliação da usina. O presidente da instituição, Roberto Guevara, conta que a produção de óleo de murmuru alcançou neste ano sete toneladas, toda ela já comercializada.
Segundo disse, o convênio vai melhorar o desempenho da sociedade agrícola, especialmente no quesito de coleta do coco e armazenamento. Somente neste ano a sociedade adquiriu 4.500 sacas de coco murmuru na região ribeirinha que vai de Rodrigues Alves até as imediações de Porto Walter.
O segundo convênio foi assinado com a Sociedade Agropecuária de Pequenos e Médios Criadores de Mâncio Lima, no qual são destinados recursos de R$ 430 mil (R$ 190 mil do Proacre e 240 mil do BNDES) para construção de um frigorífico de suínos. O presidente da Sociedade, Erison Maia de Macedo, assinou o documento. Ele explicou que a entidade já tem experiência no abate de bovinos, trabalhando com cerca de 300 criadores. Segundo disse, a entidade agora acredita que tem potencial para trabalhar com 200 criadores de suínos do Vale do Juruá.
O presidente da Central de Cooperativas, Germano da Silva Gomes, assinou convênio no valor de R$ 440 mil para fortalecer a cadeia produtiva da farinha e do feijão. A central é formada por três cooperativas – a Camprucsul (Cooperativa Agrícola Mista dos Produtores Rurais de Cruzeiro do Sul), a Cooperfarinha, de Cruzeiro do Sul, e a Coopersonhos de Marechal Thaumaturgo.
Outro convênio beneficiou a Associação Agroextrativista do Rio Tejo (Asatejo). Os recursos de R$ 202.750 servirão para adquirir 25 debulhadores de feijão e 60 kits para casas de farinha. A Seaprof, que está promovendo o serviço de destoca em várias propriedades rurais, recebeu três tratores para a mecanização agrícola.
O Banco da Amazônia liberou no mesmo ato 21 créditos do Pronaf B, cujo valor é de R$ 2.500 e pode ser renovado até duas vezes. Segundo o gerente da instituição financeira, as comunidades atendidas foram a dos ramais Florianópolis, Mariana 1 e Alto Pentecostes. Ele deu outra informação que dá uma ideia da pujança da feira: em dois dias as propostas já fechadas para financiamento de carros, utilitários, barcos e material para supermercados superaram R$ 800 mil, podendo alcançar os R$ 2 milhões no final do apurado.