“Não fique na dúvida, fique sabendo.” Este é o slogan escolhido pelo Ministério da Saúde para a campanha do Dia Mundial de Luta Contra a Aids deste ano, que se comemora dia 1º de dezembro. A campanha enfatiza também o diagnóstico precoce de sífilis, HIV e hepatites virais (B e C) e garante sigilo e confidencialidade do teste, em respeito pleno aos direitos humanos. A estratégia de mobilização nacional foi lançada esta semana e objetiva ampliar o acesso da população aos testes rápidos nas unidades básicas de saúde.
Segundo dados da Divisão de Agravos Transmissíveis da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), entre 1987 e 1997 foram registrados no Acre 52 casos da doença. Desse total, 46 homens e seis mulheres. Já no período de 1998 a 2012, 258 mulheres e 316 homens, perfazendo um total de 574 indivíduos infectados. Rio Branco é o município que apresenta o maior número de casos.
As áreas técnicas das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde, Serviço de Assistência Especializado (SAE), Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) e colaboradores como SESI, SESC, organizações da sociedade civil, Uninorte, Firb/Faao fizeram a distribuição de material educativo, de preservativos e realizaram testes rápidos na Oca e em vários pontos da cidade durante toda a semana. Os testes também podem ser realizados nos centros de saúde do município e no CTA, próximo à Igreja Batista do Bosque.
As ações pelo Dia Mundial de Luta contra a Aids teve seu ponto alto nesta sexta-feira, 30, na Blitz da Prevenção, com mobilização no Senadinho e entrega de material informativo e preservativos. A agenda de atividades pelo Dia Mundial de Luta contra a Aids termina no dia 5 de dezembro.
“Aqui no Estado os casos de Aids atingem mais os homens que as mulheres, mas já existe a tendência nacional da feminilização que assinala dois casos em homens para um caso em mulher. Geralmente um mesmo homem tem relação com mais de uma mulher, o que colabora para a contaminação. É um dado preocupante”, diz a gerente da Divisão de Agravos Transmissíveis da Sesacre, Deltirene Cardoso.
Estima-se que, das 530 mil pessoas infectadas pelo HIV no Brasil, 135 mil desconhecem sua situação e cerca de 30% dos pacientes procuram o serviço de saúde tardiamente. Segundo informações da Divisão de Agravos Transmissíveis da Sesacre, foram diagnosticados no Estado 626 casos de Aids (condição em que a doença já se manifestou) de l987 até novembro de 2012.
O município com maior concentração é Rio Branco, seguindo tendência nacional que mostra maior número de casos nas capitais. Assim, os objetivos da campanha, no Acre, envolvem estratégias primárias (incentivo ao uso de preservativos) e secundárias (diagnóstico precoce e tratamento). O exame feito ainda no pré-natal ou no momento do parto, por exemplo, ajuda a evitar a transmissão vertical (da mãe para o filho).
Vivendo com HIV
A dona de casa Janete Alves da Silva, 51, conta que foi infectada com o HIV pelo marido há 14 anos e iniciou logo o tratamento. Enfrentou muito preconceito, o que culminou em perda de oportunidades de trabalho, e para sobreviver recebe ajuda financeira da família. Em 2004, ela assumiu a presidência da associação Agá & Vida, entidade sem fins lucrativos que dirige até hoje.
A associação existe desde 1996 e é lá que Janete dedica seu tempo integral organizando palestras, capacitações, distribuição de material educativo e outras atividades voltadas para a informação sobre HIV/Aids. As palestras são dadas por profissionais da área de nutrição, assistência social, psicologia, enfermagem e medicina, e acontecem sempre na última sexta-feira do mês.
“O importante é seguir em frente porque a vida continua e faço o que posso para passar o máximo de informação possível para as pessoas”, diz Janete.
Informação e prevenção
Em 1987, o 1° de dezembro foi instituído como o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, por meio de deliberação da Assembleia Mundial de Saúde, com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), para esclarecer a população sobre a necessidade de prevenção da doença. No Brasil, a data passou a ser adotada em 1988.
O HIV (vírus da imunodeficiência humana) é o transmissor da Aids que atua no sistema imunológico; responsável pela defesa do organismo contra doenças. Ser portador do HIV é diferente de ter Aids, pois muitos soropositivos vivem anos sem apresentar a enfermidade. Esse vírus pode ser transmitido nas relações sexuais desprotegidas, uso de seringas contaminadas ou de mãe para filho na gravidez e amamentação. Por isso, é de vital importância fazer os testes e se proteger sempre.
No início da década de 80, surgiram os primeiros casos de Aids. No decorrer dos anos muito se avançou no conhecimento da infecção pelo HIV e no controle da Aids, através de capacitação de profissionais, bem como na ampliação dos serviços especializados.
O Acre conta com o apoio do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) para realização dos testes e o Serviço de Atendimento Especializado (SAE) para acompanhamento e tratamento realizados por equipe multidisciplinar.
