No lançamento, moças, crianças e mulheres da comunidade foram as modelos (Foto: Onofre Brito/Secom)
No lançamento, moças, crianças e mulheres da comunidade foram as modelos (Foto: Onofre Brito/Secom)

A comunidade Nova Cintra, situada à margem direita do Rio Juruá, em Rodrigues Alves, tem tradição no artesanato com madeira e fibras. Agora, mais uma conquista se materializou com o lançamento, na sexta-feira, 21, de uma coleção de moda verão, denominada “Rip Chik”, toda confeccionada por costureiras da região.

A coleção surgiu durante a realização de um curso de corte e costura, patrocinado pela Secretaria de Estado de Pequenos Negócios (SEPN), com duração de duas semanas e a participação de 23 mulheres e dois homens. O Centro de Educação Profissional e Tecnológica do Juruá (Ceflora) também entrou na parceria, cedendo o material utilizado nas confecções.

Para o lançamento, foi organizado um desfile na própria comunidade, com modelos locais, ato que teve a presença da gestora da SEPN no Juruá, Marisa Diniz, e da presidente da Associação A Muralha, Maria Ramos da Costa.

Segundo a gestora Marisa, a SEPN já tinha apoiado as costureiras locais com a cessão de sete máquinas. Para ela, o curso aumentou o potencial da comunidade. “Temos aqui grandes costureiras que terão mais renda e qualidade de vida”, disse.

Coleção

Antonia Arielle é aposta com beleza potencial para modelo (Foto: Onofre Brito/Secom)
Antonia Arielle é aposta com beleza potencial para modelo (Foto: Onofre Brito/Secom)

A mediadora do curso, Maria Oliveira, responsável pela criação dos modelos, com assessoria da estilista cruzeirense Jane Oliveira, que trabalha em Santa Catarina, contou que, durante o curso, foram feitas mais de 100 peças de roupa, muitas delas ornamentadas com sementes e fibras da região.

Maria destacou a criatividade e a força de vontade das mulheres. Algumas chegavam a andar uma hora e meia a pé para participar do curso, traziam o almoço e ficavam o dia inteiro na escola. A coleção é tropical, explica a mediadora, tendo sido utilizados, para a confecção das peças, os tecidos chita, algodão, cambraia e tricoline.

“Passei para elas a ideia de como se faz uma coleção. Esta primeira coleção servirá de inspiração para outras”, disse Maria, informando que a coleção será apresentada na Expoacre em Rio Branco. Ela pretende levar também uma garota com potencial para modelo, representante da beleza da Nova Cintra, a jovem Antonia Arielle Queiroz de Araújo.

A Muralha

“Queremos espalhar nossos produtos e tornar conhecida nossa criatividade”, diz presidente da Associação A Muralha (Foto: Onofre Brito/Secom)
“Queremos espalhar nossos produtos e tornar conhecida nossa criatividade”, diz presidente da Associação A Muralha (Foto: Onofre Brito/Secom)

A Associação A Muralha existe há onze anos, sempre com a mesma presidente, Maria Ramos da Costa. Foi criada para representar as mulheres da Nova Cintra, mas, hoje, também tem homens em seu quadro de associados. A associação faz artesanato com madeira e fibras, herança dos pais e avós.

Para a presidente, a montagem de uma equipe de costura era aspiração antiga da comunidade. A vontade é aprofundar a sincronia entre o artesanato e a costura, para o surgimento de uma moda autêntica.

A associação também vai construir, a partir de fevereiro, com apoio da SOS Amazônia, uma fábrica de sabonete. A intenção é aproveitar sobras da usina de extração de óleo da Cooperativa Nova Cintra, que atualmente produz o óleo do coco murmuru.

“Queremos espalhar pelo mundo afora nossos produtos, para que A Muralha seja conhecida, assim como a criatividade que a gente tem”, finalizou Maria.