Da Obmep

Compromisso com o estudo e com a vida, diz mãe de medalhista do Acre

Dona Maria Antônia Nobre é mãe de Júlia Almeida, a estudante acreana de 14 anos, que já coleciona pelo menos duas medalhas e uma Menção Honrosa na maior competição de exatas do país, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Emocionada, a mãe da medalhista diz que a prata conquistada na edição deste ano é fruto do comprometimento da filha com os estudos e com a vida.

“A Júlia é uma menina muito comprometida em tudo que ela faz. Participa do grupo da igreja, na escola ela nunca me deu trabalho e sempre honrou com as suas responsabilidades. Por isso, falo com todo amor, que a medalha é a somatória da vida de estudo dela. A conquista dela é mérito desses anos todos que ela vem estudando”, conta orgulhosa.

Júlia é estudante do 9º ano do ensino fundamental da Escola Neutel Maia e desde o sétimo ano conquista prêmios na Obmep. Primeiro ganhou uma medalha de bronze, depois uma Menção Honrosa e na edição 2017, conseguiu uma medalha de prata. Razão que alegra dona Maria Antônia, “ela sempre estudou em escola pública, e nós sempre dissemos: seu sucesso depende do esforço, porque os livros didáticos são fantásticos, os professores são bons. Então só depende do esforço do aluno”, exclama.

Os conselhos e o incentivo da família surtiram efeitos. Desde a divulgação do resultado da última fase da competição, Júlia viu sua rotina alterada e se divide entre reuniões, visitas oficiais e entrevistas. A matriarca, claro, sempre acompanhando de perto o sucesso da cria. “Estou felicíssima, babando, orgulhosa, porque essa conquista amplia as possibilidades na vida dela”.

A mãe de Júlia a acompanha em todos os compromissos formais (Foto: Angela Peres)

Já Júlia, diz que está “maravilhada porque milhares de alunos participaram da competição e poucos conseguiram” os disputados prêmios. Nesta edição a Obmep teve quase um milhão de inscritos. “São apenas 1500 medalhas para todo o país, e aqui no Acre só quatro estudantes conseguiram a prata. Então estou me sentindo muito vitoriosa”, diz. [Além das pratas os acreanos conquistaram 60 medalhas de bronze e 110 Menção Honrosa].

A medalhista relata ainda que conseguir se destacar em nível nacional não foi um desafio intransponível, porque para ela, “a matemática é um mundo fascinante”, onde os números representam aquilo que ela ama. “Sempre tive facilidade com matemática, tanto que é a minha matéria preferida, porque se você observar a matemática está em tudo na vida”, pontua.

Caminho até a medalha

Para conquistar tantas medalhas, a adolescente precisou se dedicar, mas segundo ela, foi um processo que iniciou bem antes, porque justamente para a edição deste ano não conseguiu se preparar, porque estava em viagem e apenas fez algumas revisões dos conteúdos estudados na sala de aula em casa.

“Eu estudei um pouco em casa e os professores me ajudaram, porque eles fizeram meio que uma preparação com a gente e o professor [Felipe Valentin] desse ano é muito bom. Ele dá aula muito bem, explica muito bem e isso fez toda a diferença, porque não tive muito tempo de me preparar de outra forma”, explica.

Por isso ela acredita que o ‘Cursinho Preparatório para a Obmep’ que ela fez ano passado no Instituto de Matemática, Ciências, Filosofias e Ética (IMCFE) do Acre, foi primordial para que “entendesse melhor o tipo de questões e as melhores técnicas para resolver os problemas”.

O Instituto é um órgão público mantido pelo governo do Estado, que oferece cursos gratuitos em várias áreas do conhecimento como forma de fortalecer o ensino público do Acre e contribuir com a formação profissional dos cidadãos acreanos. Na área de exatas, além do curso preparatório para a Obmep, oferta ainda matemática básica, avançada e lógica.

Júlia tem uma medalha de bronze, uma de prata e uma Menção Honrosa (Foto: Sérgio Vale)

Perspectiva de futuro

Agora depois de conquistar a prata a estudante conta que se sentiu motivada a perseguir o caminho do ouro e que para isso vai intensificar os estudos fazendo os outros cursos do IMCFE. “Vou continuar tentando ganhar o ouro, ainda tenho três anos para competir. Dessa vez foi por pouco, mas agora vou estudar um pouco mais, fazer os cursinhos, para o ano que vem”, sorri, esperançosa.

A mãe sempre atenciosa diz que procura estimular a filha sem interferir nas escolhas dela, porque confia em sua capacidade de decisão. “Uma vez eu fiz uma declaração [pública] para ela dizendo que eu não me preocupava com o futuro dela, não que não me importasse, porque sou mãe e amo minha filha, mas porque via nela esse compromisso, tanto no estudo como na vida.

A liberdade da mãe se reflete no comportamento da filha. Quando indagamos sobre a profissão de Júlia ela conta que está dividida entre as engenharias e medicina. A mãe, por sua vez, diz que ela é livre para escolher o que quiser. “Encaminho, oriento, faço tudo que está ao meu alcance para ela estudar e poder escolher a profissão que quiser. Porque acho que ninguém deve impor isso a ninguém e tem que ser uma escolha dela”.