Cidade do Povo: um lugar para recomeçar a vida

Há uma semana, Rosa Maria Freire, 38 anos, deu início a mais um capítulo de sua história ao se mudar para a Cidade do Povo. Enquanto os móveis e utensílios domésticos ainda vão sendo colocados em seu devido lugar, aos poucos a casa própria vai dando forma à nova vida da família.

Rosa representa uma das mais de 13 de mil famílias contempladas no Acre por programas habitacionais executados pelo governo nos últimos seis anos. Contemplada na última remessa de casas na Cidade do Povo em agosto recente, ela conta que receber a chave nas mãos foi a concretização de um sonho que jamais seria realizado com a renda que possui, exclusivamente do Bolsa Família.

A moradora do bairro Cidade do Povo veio da zona rural de Mâncio Lima. Com a morte da mãe na infância e em seguida desamparada pelo pai, desencontrou-se dos 15 irmãos. “Quando completei dez anos me joguei no mundo e não soube mais nada deles. Fui parando de lugar em lugar toda a vida até encontrar uma pessoa que me ajudou e me trouxe pra Rio Branco”, relata.

A antiga casa em que Rosa morava com os filhos alagava todos os anos (Foto: Diego Gurgel/Secom)

O destino impôs a Rosa tornar-se mãe de 11 filhos, dos quais cinco atualmente moram com ela. Quando chegou à capital, passou a morar de favor em casas cedidas por pessoas que se compadeciam da família. A última em que residiu, no bairro Taquari, os obrigava a ir para abrigos públicos em todas as alagações.

Segundo conta, a assistência social foi fundamental para a mudança de sua realidade. “Foi uma vez em um abrigo que fizeram meu cadastro, nem documento eu tinha, as pessoas que quiseram me ajudar pra eu conseguir ter uma casa pra morar tranquila com meus filhos e conseguiram tirar minha identidade. Depois que me cadastraram, esperei um tempo e chegou minha hora”, diz.

Casa própria, esperança por dias melhores

Com ajuda de doações, Rosa faz bazar para complementar renda do Bolsa Família na casa nova (Foto: Angela Peres/Secom)

Desde que se mudou para a Cidade do Povo, a mãe e os cinco filhos pequenos puderam vislumbrar dias mais alegres. Mais que o conforto do lar, Rosa destaca a importância de ter escola e entretenimento por perto para as crianças. “Tem praça aqui perto, coisa que antes eles não tinham”, salienta.

Ao falar sobre a casa nova não esconde a empolgação, principalmente, quando lembra do momento em que adentrou a adentrou pela primeira vez: “Comecei a imaginar onde ia colocar cada coisa, o lugar da minha cama, da minha TV, da minha geladeirinha. Uma casona chique, chique como esta eu não ia ter condição de fazer nunca, ó? [sic]”.

Já para os filhos, algo ainda foi mais especial: tomar banho de chuveiro e estarem livres dos gotejos sobre a cama em período chuvoso. “Minha filha disse que agora é feliz porque não precisa mais tomar banho tirando água com vaso da caixa, gosta do chuveiro. E outro dia que choveu, quando eu vi só pensei que não ia mais ser preciso tirar a cama deles do lugar, antes eles acordavam tudo molhado debaixo das goteiras. Agora que estão bem, estou feliz também!”, completou.

O novo passo que Rosa afirma querer dar é fazer todos os cursos que surgirem no local. Por enquanto, vai se virando como pode: “Lavo roupa pra fora, faço faxina, faço bazar de roupa, o importante é nunca reclamar de nada”, revela a dona de casa, que agora tem um lar para chamar de seu.

Investimentos em habitação na Cidade do Povo

Cidade do Povo dispõe de toda a infraestrutura de educação, saúde e lazer para as famílias moradoras (Foto: Acervo Secom)

Com a última entrega, a Cidade do Povo abriga hoje cerca de 15 mil pessoas. O projeto habitacional nasceu com o propósito de ser um bairro funcional pleno de serviços públicos para os moradores.

Já se somam 3.348 habitações entregues só no local, que faz parte do programa federal Minha Casa Minha Vida, todas a custo zero para famílias moradoras de áreas de risco em Rio Branco, num investimento de R$ 350 milhões até o momento.

 

 

 

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