Caso Pinté: Polícia Civil prende três por coação e abuso de poder

Um delegado, um policial civil aposentado e o pai do ex-prefeito Carlinhos Araújo foram presos

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O corregedor-geral de Polícia Civil, André Monteiro, que participou de entrevista coletiva ao lado do secretário da Polícia Civil, Emylson Farias, e do presidente do inquérito policial, delegado Karlesso Nespoli (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Agentes da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (DECCO) realizaram na manhã desta segunda-feira, 14, a prisão do delegado Carlos Alberto da Costa Bayma (2ª Regional), do agente de polícia aposentado Manoel Araújo Ferreira, o “Manoel Cirino”, e de Paulo César Ferreira de Araújo, o “Paulinho”, pai do ex-prefeito de Acrelândia Carlos César Ferreira de Araújo. Eles são acusados de coagir testemunhas de acusação da morte do ex-presidente da Câmara de Vereadores do município de Acrelândia, Fernando José da Costa, o Pinté, assassinado no quintal da casa dele em maio do ano passado.

De acordo com a inteligência da Polícia Civil, o delegado Bayma ouvia as testemunhas fora de sua circunscrição acompanhado do agente de polícia a mando de Paulo César Ferreira de Araújo. Algumas dessas testemunhas denunciaram o caso ao Ministério Público Estadual, que requisitou a instauração de inquérito policial. O caso era investigado pela DECCO há cerca de um mês.

A instrução criminal do processo que apura a morte de Pinté, que deveria ter início nesta segunda-feira, foi adiada pelo juiz Gilberto Araújo. A transferência da data ocorreu devido a questões judiciais que impediram a intimação das testemunhas de defesa de um dos acusados, o ex-prefeito Carlos Araújo, em tempo hábil para a audiência que seria realizada hoje.

O corregedor-geral de Polícia Civil, André Monteiro, que participou de entrevista coletiva ao lado do secretário da Polícia Civil, Emylson Farias, e do presidente do inquérito policial, delegado Karlesso Nespoli, afirma que, em fase processual, as testemunhas só poderiam ser ouvidas e interrogadas no foro da comarca de Acrelândia. “Nossa preocupação é com a necessidade de o caso seguir seu curso normal, sem prejudicar o andamento do processo. Não estava no talante do delegado ouvir testemunhas na fase judicial”, diz o corregedor.

Considerado de alta complexidade, o inquérito levou seis meses para ser concluído e realizou investigação minuciosa que incluiu perícia contábil. Além do ex-prefeito do município e do pai dele, também são acusados de envolvimento na morte de Pinté a mãe do ex-prefeito, ex-tesoureira da Câmara, Maria da Conceição, e os secretário municipais de Educação, Joaba Carneiro da Silva, e de Administração, Jonas Prado. Todos estão detidos no presídio Francisco de Oliveira Conde, como também os dois homens acusados de terem disparado os tiros contra Pinté, Jhonata Silva e Francisco Gonçalves.

O secretário Emylson Farias reconhece que não foi fácil efetuar a prisão dos policiais, mas era necessário para que não houvesse dúvida da idoneidade das ações da Polícia Civil no Estado. “Tivemos que cortar na carne. Não foi fácil, mas ninguém está acima da lei”, destacou. Paulo César Ferreira de Araújo e Manoel Cirino serão indiciados como co-autores no crime de coação de testemunhas.