Casa de Passagem da Cades acolhe quem precisa de abrigo, cuidado e carinho

Imagine estar doente, precisando passar por um tratamento de saúde longo, difícil, e o pior, longe de casa, da família e da cidade onde mora. Essa é a realidade de muitas pessoas que necessitam sair de seus municípios de origem quando precisam passar por uma cirurgia ou tratamento em Rio Branco.

Em muitos casos, esses pacientes não possuem parentes que possam abrigá-los ou recursos financeiros para custear hospedagem em um hotel. É aí que entra uma ajuda que só quem já precisou sabe dimensionar sua importância. São as casas de passagem que abrigam quem não tem onde ficar.

Uma das principais que existem em Rio Branco é a Casa de Passagem da Central das Entidades de Saúde (Cades). Criada em 2007, com capacidade para receber 40 pessoas, entre pacientes e acompanhantes, o local sempre está lotado e já abrigou pessoas de todos os municípios acreanos, de outros estados e até de países vizinhos.

Aírton veio de Rondônia em busca de um transplante e não conhecia ninguém no Acre (Foto: Júnior Aguiar/Sesacre)

Gente como Airton Silva de Araújo. Rondoniense, de Rolim de Moura, no último dia 21 de janeiro ele passou por um procedimento no Hospital das Clínicas de Rio Branco para receber um novo fígado. “Comecei o tratamento em Porto Velho, mas lá não faz transplante. Meu médico me disse que no Acre seria o lugar mais fácil para eu conseguir. Graças a Deus, deu tudo certo e estou me recuperando muito bem”, afirma.

Araújo está acolhido na Casa de Passagem há dez meses com a esposa e a filha de dois anos. “Este lugar para mim é tudo. Se não fosse essa casa aqui, eu acho que nem teria realizado o transplante, porque não tenho condições de pagar um apartamento ou um hotel. Só tenho a agradecer pelo cuidado comigo e com minha família”, enaltece, emocionado.

Situação bem parecida viveu a cruzeirense Maria Rosiane Araújo da Costa, de 20 anos. Em tratamento contra um câncer desde o início do ano passado, ela conta que o apoio da Casa de Passagem foi extremamente importante para superar as reações provocadas pela quimioterapia. “Eu me sentia muito mal, tinha queda de pressão e sempre fui muito bem cuidada. Quando vim para cá, até estranhei. As pessoas falavam uma coisa e foi totalmente outra. Sempre tive um bom tratamento”, diz.

Curada de um câncer, Rosiane agradece o cuidado que recebeu durante o tempo que ficou na Casa de Passagem (Foto: Júnior Aguiar/Sesacre)

Curada do câncer, Rosiane voltou para casa em Cruzeiro do Sul e só vem a Rio Branco para o retorno médico.

Muito mais que um teto

Quem é paciente ou acompanhante não precisa desembolsar nenhum centavo pelos serviços da casa. São cinco refeições diárias, com 12 servidores que se revezam na administração de medicamentos, aferição da pressão arterial, exames, transporte e acompanhamento nas consultas médicas.

Mas o que realmente fica evidente quando se conversa com os pacientes é que o sentimento de agradecimento tem muito a ver com o atendimento prestado pelos profissionais que lidam diariamente com quem está fragilizado e passando por um momento difícil na vida.

“A gente se apega muito a essas pessoas, pois elas não têm com quem contar. Não trabalhamos apenas pelo salário, mas pelo sentimento de amor e dedicação que temos com esses pacientes”, afirma Francisca Garcia, técnica em enfermagem que há dois anos trabalha na Casa de Passagem.

Pacientes e acompanhantes recebem cinco refeições diárias (Foto: Júnior Aguiar/Sesacre)

A Casa de Passagem da Central das Entidades de Saúde funciona graças a um convênio com o governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), no valor mensal de R$ 24 mil. A coordenadora da entidade, Vanessa Costa, diz como surgiu a ideia de criação da casa. “A Cades percebeu que muitas pessoas não tinham para onde ir e ficavam pelos hospitais, mesmo de alta médica. Daí, surgiu a ideia de criar esta casa. São pessoas que ficariam jogadas na rua ou não fariam o tratamento. Então é extremamente importante esse trabalho”, completa.

A boa notícia é que ainda em 2018 deve ter início a construção da Casa de Passagem da Cades, já que o prédio atual é alugado. A obra será possível graças a uma emenda do deputado federal Raimundo Angelim, no valor de R$ 1,5 milhão, e à doação de um terreno pela prefeitura de Rio Branco.

Pacientes são acompanhados diariamente por profissionais em saúde na Casa de Passagem (Foto: Júnior Aguiar/Sesacre)

Quem quiser fazer doações e conhecer o trabalho desenvolvido pelo local, a Casa de Passagem da Cades fica localizada na Rua Bem-Te-Vi, 153, bairro Universitário I. Os contatos telefônicos são o 3229-2450 e/ou 99988-7132.

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