Caminhada e missa lembram os 20 anos da morte de Chico Mendes em Xapuri

Amigos do sindicalista deram testemunho de renovação do compromisso da luta por justiça e inclusão social

abremateria_chico_mendes_foto_sergiovale_221208_.jpg

D. Moacyr Grechi recebe do governador Binho Marques e de Elenira Mendes, o Prêmio Chico Mendes de Florestania (Foto: Sérgio Vale/Secom)

O governador Binho Marques encerrou nesta segunda-feira, 22, em Xapuri, a série de eventos que marcou a Semana Chico Mendes. Acompanhado do arcebisbo de Porto Velho, Dom Moacyr Grechi; do bispo de  Rio Branco, Dom Joaquín Pertiñez;  do senador Tião Viana; do ex-governador Jorge Viana;  prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim;  familiares e companheiros do líder seringueiro Chico Mendes, Binho Marques participou de uma caminhada pelas ruas de Xapuri até o cemitério da cidade para a tradicional visitação ao túmulo do ambientalista assassinado há vinte anos.

A caminhada teve início em frente ao painel da Aliança dos Povos da Floresta, na  Igreja de São Sebastião com a presença de dezenas de amigos de Chico Mendes. Enquanto andavam, cantavam e prestavam testemunhos acerca da convivência com o sindicalista e sobre luta que transformou o modo de se pensar a questão ecológica, transformando-a em movimento sócio-ambiental não somente no Acre como em todo o mundo.

"A melhor reflexão é a certeza de que Chico continua vivo", disse Gomercindo Rodrigues, que relatou os últimos minutos de convivência com o companheiro de atuação no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. "Estamos aqui para lembrar que o Chico está entre nós e que nos mobiliza cada vez mais", reafirmou o governador.  

gd_chico_mendes_foto_sergiovale_221208_.jpg

Governador Binho Marques, senador Tião Viana, ex-governdador Jorge Viana e o bispo D. Moacyr Grechi foram até o túmulo do líder seringueiro, lembrando um gesto ocorrido há 20 anos: saudades de uma liderança que é referência para o Acre e para o mundo (Foto: Sérgio Vale/Secom)

O grupo retornou do cemitério a pé até a igreja, onde Dom Moacyr rezou a missa em memória a Chico Mendes. No mesmo local, o arcebispo recebeu das mãos do governador Binho Marques o Prêmio Chico Mendes de Florestania, que é conferido anualmente pelo Governo do Estado do Acre, através da Fundação Elias Mansour, e tem por finalidade reconhecer e estimular  os programas, projetos, atividades e ações que ajudam a consolidar o conceito de Florestania.

Várias foram as atividades da Semana Chico Mendes. No sábado passado, o governador inaugurou um arvoredo com trinta espécies amazônicas  implantado no Parque da Maternidade, nas proximidades do Centro Empresarial do Sebrae,  como homenagem às pessoas que receberam o Prêmio Chico Mendes de Florestania.  Todos os anos, sempre em dezembro, serão acrescentadas novas árvores em honra aos futuros ganhadores do prêmio.

"Não conseguiram matar a luta por um mundo melhor", diz Jorge Viana

O ex-governador e presidente do Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Acre, Jorge Viana, observou que aqueles que queriam tirar a vida de Chico Mendes tentavam destruir o movimento que apenas se fortaleceu no período  que se seguiu ao assassinato do sindicalista. "O que queriam não conseguiram, que era matar um movimento por uma vida e um  mundo melhores", disse Viana, que participou da caminhada e da missa acompanhado de vários de seus familiares.

Tião Viana: chama da luta de Chico Mendes se manterá eternamente acesa

O senador Tião Viana considerou o ato como um "momento de partilha e solidariedade". Viana se recordou de quando foi comunicado da morte de Chico Mendes, em Brasília, no período em que se preparava para voltar ao Acre e ajudar seu povo. O senador reafirmou seu propósito em manter viva a memória do líder sindical e que a chama da luta sócio-ambiental criada e potencializada pelo líder seringueiro seguirá acesa pelo decorrer dos séculos. "Daqui a três mil anos Chico estará infinitamente maior e os covardes que o assassinaram sequer serão lembrados", disse.

Binho entrega Prêmio Chico Mendes de Florestania a Dom Moacyr

O ato de entrega do Prêmio Chico Mendes de Florestania foi marcado pela emoção. "Chico sobreviveu à morte porque era simples, humilde, grande. Uma síntese de muitas pessoas –belas, amorosas, bonitas e fortes –e transformou essas diferenças no impossível", disse o governador sobre o legado do sindicalista que leva o nome do prêmio.  "E nós temos um caminho iniciado pelo senhor [Dom Moacyr]. Sem sua força não teríamos chegado até aqui", afirmou, dirigindo-se ao líder católico. "Este prêmio, atos como este mantém a memória de Chico Mendes, um homem que lutou pela vida", disse Dom Moacyr.

O Comitê Chico Mendes e o Instituto Chico Mendes coordenaram  a programação que se encerrou nesta segunda-feira  com a inauguração do Memorial Wilson Pinheiro, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, além dos eventos em Xapuri. "Nesta data, lembramos  que muita coisa mudou para melhor mas é preciso trabalhar para melhorar mais", disse Elenira Mendes, filha de Chico e presidente da Fundação Chico Mendes.

Já receberam a honraria Abrahim Farhat, o Lhé;  Adrian Cowell e Vicente Rios;  Ailton Krenak;  Antônio de Paula; Carlos Walter;  Elson Martins;  Gumercindo Rodrigues;  João Maia; Julia Feitoza;  Lucélia Santos;  Raimunda Bezerra;  Raimundo Mendes de Barros;  Sueli Bellato;   Sabá Marinho;   Sebastião Neto;  Steve Schwartzman;  Terri Aquino;  Toinho Alves; e Zuenir Ventura.  Carlos Walter receberá em outra oportunidade.

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter