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Cacique Bira Yawanawá apresenta projeto de centro de cura ao presidente do BNDES

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, esteve na semana passada na Aldeia Sagrada Yawanawá, no Rio Gregório, município de Tarauacá, acompanhado de uma equipe de diretores. O objetivo da visita foi conhecer um pouco dessa cultura indígena que se destaca por promover o maior festival etnocultural do Acre. A comitiva foi recebida pelo cacique Biraci Brasil Yawanawá e pelo seu povo, que fizeram uma bela festa para recepcionar os visitantes.

O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, esteve na semana passada na Aldeia Sagrada Yawanawá Foto: Diego Gurgel/Secom

A comitiva do BNDES foi conhecer as potencialidades econômicas do povo yawanawá, sobretudo no que se refere ao etnoturismo e às praticas sustentáveis de agrofloresta. Depois de assistir a apresentações culturais, Montezano recebeu das mãos do cacique Bira um projeto para a criação de um centro de cura no Alto Rio Gregório e para possíveis financiamentos de iniciativas agrícolas baseadas em agrofloresta.

O projeto do centro de cultura baseia-se na utilização de plantas medicinais da floresta e dietas tradicionais ancestrais da cultura yawanawá, conforme explicou Bira aos representantes do BNDES.

Comitiva do BNDES foi conhecer as potencialidades econômicas do povo yawanawá, sobretudo no que se refere ao etnoturismo e às praticas sustentáveis de agrofloresta. Foto: Diego Gurgel/Secom

“A Aldeia Sagrada é um local de estudos e iniciações espirituais. A terra é abençoada com solos férteis e rica biodiversidade, incluindo os jardins de plantas medicinais dos nossos ancestrais. É um lugar dedicado exclusivamente à espiritualidade e oferece à nossa comunidade e aos visitantes a possibilidade de uma imersão profunda no universo yawanawá, dentro do nosso território sagrado”, disse o cacique.

Bira ainda ressaltou que o conhecimento vivo do seu povo pode ajudar pessoas do mundo inteiro em processos terapêuticos e de autoconhecimento.

Bira ressaltou que o conhecimento vivo do seu povo pode ajudar pessoas do mundo inteiro em processos terapêuticos e de autoconhecimento. Foto: Diego Gurgel/Secom

“Vivemos na floresta protegendo esse manto do nosso Criador. Somos filhos da floresta e dominamos o dom da medicina, assim como as nossas pinturas possibilitam conexões com a natureza. Temos o sonho de criar uma universidade do saber tradicional e um centro de cura para fazer a limpeza espiritual e física daqueles que necessitam. A gente pode ajudar o Brasil e o mundo com esses conhecimentos ancestrais, que queremos compartilhar também com as pessoas não indígenas”, ressaltou.

O filho do cacique, Bira Júnior, destacou o momento que os indígenas vivem no mundo atual. Ele aproveitou para sugerir à equipe do BNDES investimentos em fontes de energia limpa nas aldeias do Acre.

Projeto do centro de cultura baseia-se na utilização de plantas medicinais da floresta e dietas tradicionais ancestrais da cultura yawanawá Foto: Diego Gurgel/Secom

“Tudo que construímos vem da nossa ancestralidade. Somos um povo conectado às novas tecnologias, mas com as nossas raízes no chão. Não é porque temos internet, utilizamos celulares e computadores que perdemos a nossa cultura. Estamos vivendo um novo tempo e a gente tem que se adaptar. Cuidamos da natureza à nossa volta e não dá pra fazer isso sozinho, por isso, precisamos de alianças e parcerias. Com novos instrumentos, podemos fortalecer cada vez mais o nosso trabalho de preservação da natureza”, afirmou.

Agrofloresta sustentável

As lideranças yawanawá também inseriram no projeto considerações sobre práticas agrícolas que não destroem o meio ambiente. Segundo explicaram, existe a necessidade de fornecimento de alimentos saudáveis para toda a comunidade, conservando os ambientes naturais e restaurando áreas degradadas. Nesse sentido, o projeto tem como objetivo implementar sistemas agroflorestais regenerativos e biodiversos para o sustento e o bem-estar do povo yawanawá.

Renovação de práticas econômicas

Por sua vez, o presidente do BNDES, depois de ouvir as explicações dos indígenas, ressaltou as mudanças que o mundo financeiro atravessa.

Para o presidente do BNDES, o Brasil tem todos os recursos para ser um dos centros mundiais de uma nova economia Foto: Diego Gurgel/Secom

“O que a gente enxerga é um momento em que ‘o vento está fazendo a curva’ num mundo que está ficando velho. A força de transformação do momento é muito grande e vemos a mudança de paradigmas valorizando mais o social e a relação com a natureza. Isso se reflete nos mercados corporativos e financeiros, que também irão se transformar”, declarou Montezano.

Para o presidente do BNDES, o Brasil tem todos os recursos para ser um dos centros mundiais de uma nova economia: “O Brasil foi o país do mundo que mais preservou a sua natureza e biodiversidade e os nossos índios foram fundamentais nesse processo. Isso porque desenvolveram elos de confiança e espiritualidade. E, justamente, o mundo, neste momento, está em busca de biodiversidade, espiritualidade e confiança. Esses valores são necessários para conduzir uma aldeia, um estado e um país. Os yawanawás têm muito a ensinar para o mundo e a abertura que promovem durante os seus festivais culturais é importante, porque quanto mais dividem, mais crescem”.