Acre reúne especialistas para discutir a otimização da doação de órgãos

Palestrante afirma que atendimento humanizado pode diminuir recusa de famílias em doar órgãos (Foto: Júnior Aguiar)

Médicos e profissionais que trabalham na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas de Rio Branco participaram nesta segunda-feira, 31, de uma capacitação do estudo DONORS, projeto que tem como objetivo otimizar a doação de órgãos em todo o país.

A iniciativa, coordenada pelo Escritório de Projetos Proadi – SUS do Hospital Moinhos de Vento (RS), em parceria com o Ministério da Saúde, contou com a presença do médico Glauco Westphal, coordenador do projeto e médico intensivista, que destacou que o programa busca melhorar os processos em casos de morte encefálica, que é irreversível e ocorre quando o cérebro deixa de funcionar.

Em paralelo ao processo de diagnóstico e de manutenção do potencial doador, há uma segunda etapa: a conscientização da família. Estudos mostram que a taxa de recusa familiar no Brasil é de 30 a 40%, sendo a falta do treinamento das equipes das UTIs para abordagem adequada dos familiares um dos motivos para a alta taxa de recusa.

“Percebemos a necessidade de um projeto para reduzir a perda de órgãos. Temos bons hospitais, bons profissionais, mas tem que ter humanização. A forma de conduzir a entrevista familiar para a doação de órgãos é que faz a diferença. A resistência da população à doação de órgãos no Brasil não é diferente do que se observa em outros países. Em contrapartida, nos lugares em que há treinamento sistemático das equipes multidisciplinares das UTIs, a taxa de recusa é bem menor”, pontua.

Ao longo dos últimos 10 anos, a Central de Transplantes do Acre já realizou quase 300 transplantes de córneas, rins e fígado, sendo o único estado ativo da Região Norte que tem um programa de transplantes que funciona, além dos mais de 350 transplantes realizados em outros estados viabilizados pelo Tratamento Fora de Domicílio (TFD).

Segundo o registro de transplantes, 50 pacientes estão cadastrados aguardando transplantes de órgãos no Acre.

“Esse projeto vem ser um divisor de águas que vai ajudar na manutenção desse potencial doador e construir um SUS mais fortalecido para ir de encontro com os anseios da sociedade”, ressalta a coordenadora da Central de Transplantes do HC, Regiane Ferrari.

A capacitação sobre a implantação do protocolo clínico para manutenção do potencial doador em unidades de terapia intensiva se estende para equipes do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb).

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