Acre debate potencial do bambu como matéria-prima renovável e alternativa

Iniciado nesta segunda-feira, 23, o Seminário Internacional sobre Bambu. Na pauta, o potencial da planta como matéria-prima alternativa e renovável para contribuir com a sustentabilidade com foco no social, ambiental e negócios. O encontro, que é realizado até o dia 26 deste mês, no Teatro da Universidade Federal do Acre (Ufac), integra saberes, potencializando parcerias.

Estão inscritos mais de 600 pessoas, entre pesquisadores, técnicos de instituições de fomento agrícola, gestores públicos e da iniciativa privada, produtores rurais, professores e estudantes participam do seminário.

O encontro é uma realização da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (Sect), Universidade Federal do Acre (Ufac),Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre outros parceiros.

O seminário foi aberto pelo chefe-geral da Embrapa, Eufran Amaral, a primeira-dama Marlúcia Cândida, a secretária de Estado de Ciência e Tecnologia, Renata Souza, o senador Jorge Viana, o reitor Minoru Kinpara e o representante do Ministério da Ciência e Tecnologia e Comunicação, Alfredo da Costa Júnior.

Acre possui a maior floresta de bambu nativo do país, com 4,5 milhões de hectares, segundo dados da Embrapa (Foto: Diego Gurgel/Secom)

De caráter técnico-científico, o evento também integra a programação da Semana Estadual de Ciência e Tecnologia no Acre. Palestras e apresentações de resultados de pesquisas científicas, além de um workshop sobre manejo e cultivo da fibra serão realizados com a participação de uma delegação chinesa.

“É um momento muito importante com oportunidade de unir conhecimento e integrar a possibilidade de novos negócios. Fui ‘picado pelo vírus’ do bambu há quatro anos. Me encanta a possibilidade de termos aqui cadeias estruturadas. Além do debate científico em torno de aspectos da cultura e da disseminação do uso do bambu, contaremos com um espaço empresarial onde acontecerão rodadas de negócios”, ressaltou Eufran Amaral.

Construção civil, arquitetura e artesanato

Uma mostra do potencial com foco na construção civil, arquitetura e artesanato faz parte de uma exposição no Espaço Bambu, no hall do teatro. A Embrapa convidou o gabinete da primeira-dama para elaborar a mostra. Com foco na economia criativa, Marlúcia Cândida tem promovido o incentivo à cadeia produtiva do bambu.

A exposição apresenta painéis dos projetos do governo do Estado como bambuzeria, Instituto Chico Mendes (ICMBio), das paradas de ônibus e do Quiosque do Tucumã.

No artesanato o ambiente é composto por uma linha de produtos desenvolvidos pelos artesãos Socorro Souza, Cesarina Pereira. José Carlos Chalub e Francisco Rafael de Melo, capacitados em oficinas do Sebrae/AC em parceria com a Sect, Sepn e Gabinete da primeira-dama. Objetos de decoração, móveis e utensílios compõem a mostra.

Mais de 600 pessoas, entre pesquisadores, professores e estudantes participam do seminário (Foto: Diego Gurgel/Secom)

Para Marlúcia Cândida o seminário aponta caminhos para a troca de conhecimento e concretização de sonhos. Um deles é a vinda da bióloga Ximena Londonõ ao Acre. A especialista é considerada a maior referência em estudos sobre taxinomia de bambus tropicais, envolvendo a identificação, descrição e classificação de espécies. Outro apontamento feito por Marlúcia diz respeito a entrada do Brasil na Rede Internacional de Bambu e Ratã (Inbar).

“Esse encontro é um sonho para quem já vem trabalhando alguns anos com o bambu no Acre, em outros estados e países. A vinda de Ximena nos trará a taxonomia do nosso bambu. Com isso iremos saber para que serve de fato o nosso bambu nativo, o que devemos fazer com ele, que caminhos devemos seguir. A inserção do Brasil no Inbar representa que estamos associados a uma instituição que vai nos estender a mão para o que precisamos em termos de desenvolver essa cadeia produtiva”, comentou.

Plano Estadual do Bambu

O estado possui a maior floresta de bambu nativo com 4,5 milhões de hectares, segundo dados da Embrapa. São referenciais que chamam à atenção de pesquisadores e empresários.

Para fomentar a cadeia produtiva do bambu, nos últimos anos o governo do Estado vem aplicando investimentos em ações de fomento à pesquisa e comercialização.

Em 2016, foi instituído pelo governo o Plano Estadual de Desenvolvimento do Bambu, desenvolvido pela Sect em parceria com a Embrapa e outras instituições.

A primeira-dama Marlúcia Cândida é uma das principais incentivadoras do evento (Foto: Diego Gurgel/Secom)

Para a secretária de estado de Ciência e Tecnologia, Renata Souza, o seminário reforça ações do Plano. “No protocolo que foi assinado para um período de dez anos, apontamos ações para o desenvolvimento tecnológico, técnicas de extração, manejo, produção, beneficiamento, pesquisa e outras. Com o seminário criamos um espaço para promover o intercâmbio e pesquisa com especialistas na área, isso contribuirá para consolidar o Plano. Outro aspecto é que o Brasil no Inbar representa o fortalecimento da cadeia produtiva do bambu”.

O Plano prever para o desenvolvimento da cadeia o valor de mais de R$ 27,6 milhões. Cerca de R$ 18,7 milhões é referente à pesquisa, mais de R$ 1 milhão para plantio e R$ 7,9 milhões para ações de promoção e capacitação de comunidades.

O Brasil no Inbar

O senador Jorge Viana abriu o evento com a palestra a importância da inserção do Brasil na Rede Internacional de Bambu e Ratã (Inbar) e as perspectivas desse mercado no contexto nacional. O senador é relator da proposta para inclusão do Brasil no Inbar. O projeto, aprovado na Câmara dos Deputados.

“Desde 97 a China convida o Brasil para participar do Inbar. São 18 milhões de hectares de bambu, e a nossa biodiversidade traz 4,5 de espécie, isso é fantástico. Depois de uma batalha longa, o Brasil no dia 6 de novembro estará entrando como membro do Inbar. Estarei lá representando o país. Não tenho dúvidas de que tudo que fizemos até agora aqui no Acre, é uma preparação para essa nova fase que iremos viver. Esse seminário veio em boa hora”, ressaltou Jorge Viana.

“Esse seminário veio em boa hora”, disse o Senador Jorge Viana (Foto: Diego Gurgel/Secom)

O que é a Rede Inbar

Sediado na China, o organismo intergovernamental, reúne instituições públicas e não governamentais de 41 países em iniciativas voltadas para o uso do bambu e ratã. O foco é a redução da pobreza, desenvolvimento de mercados sustentáveis e proteção ao meio ambiente.

No encontro também serão debatidas as temáticas: a cadeia de valor do bambu nos diversos continentes; as potencialidades dessa matéria prima e outros materiais não convencionais para uma engenharia ecológica e sustentável no século XXI; possibilidades e vantagens do uso do bambu em serviços ambientais e as pesquisas para manejo e conservação da planta.

Para a pesquisadora Patrícia Drumond, coordenadora do seminário, um dos objetivos principais é divulgar os avanços da pesquisa científica com bambu e tendências da cadeia produtiva no Brasil, Colômbia, China, Equador e Peru. “Será um espaço fértil para o intercâmbio de conhecimentos e articulação de novos projetos em parceria”, disse.

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