Acre capacita médicos para o diagnóstico de morte encefálica

Para aprimorar o diagnóstico de morte encefálica no ambiente hospitalar, a Central Estadual de Transplantes, gerida pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), juntamente com o Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM), realiza nesta quinta-feira, 28, o 1º Curso de Determinação de Morte Encefálica.

“A capacitação, que atende as novas regras da resolução sobre morte encefálica, tem o objetivo de oferecer uma educação continuada aos médicos que trabalham com pacientes críticos, em coma e que fazem o protocolo de morte cerebral. Com isso, a gente tem profissionais mais capacitados e com melhor segurança para desenvolver essa atividade dentro das unidades hospitalares”, ressalta a coordenadora da Central de Transplantes do acre, Regiane Ferrari.

Destinado aos médicos que atuam na assistência de paciente em coma nas UTIs, o evento, que teve como instrutores o neurologista do Conselho Federal de Medicina (CFM), Hideraldo Cabeça e o intensivista e coordenador da Central Estadual de Transplantes de Santa Catarina, Joel Andrade, lotou o auditório do CRM, já que a parte teórica da capacitação foi aberta aos profissionais da saúde e acadêmicos de medicina.

Joel Andrade, coordenador da Central Estadual de Transplantes de Santa Catarina, é um dos convidados (foto: Júnior Aguiar)

A capacitação, que no período da tarde realiza a parte prática com 16 médicos do Acre, que se qualificam para realizar o protocolo de morte encefálica, atende as novas regras do Conselho Federal de Medicina (CFM), resolução 2.173/17 publicada no final do ano passado, no Diário Oficinal, que torna mais rígida esse diagnóstico.

“O Conselho Federal traz uma resolução com uma rigidez, mas no sentido de trazer uma tranquilidade para a sociedade, de que todo passo-a-passo está bem estabelecido. Já temos 20 anos da resolução anterior. Então, nós já temos o conhecimento de 20 anos dentro do Brasil. A medida em que a medicina avança, os conhecimentos de fisiopatologia da morte encefálica nos proporcionam essas modificações”, destaca o neurologista Hideraldo Cabeça.

Entre as novas regras, o CFM determinou que pacientes com suspeita de morte encefálica sejam observados e tratados por no mínimo seis horas antes do início do protocolo de confirmação. Antes, após a suspeita, o protocolo para determinar a ausência de atividade no cérebro era iniciado imediatamente. De acordo com o neurologista, que foi relator da nova resolução, essas mudanças dão maior segurança ao procedimento.

“Ao paciente chegar, mesmo em estado crítico, a gente obriga, através da resolução, que esse indivíduo precisa de total acompanhamento, ou seja, é lei, está escrito. Você precisa acompanhar esse paciente e dar tudo de melhor para que ele sobreviva. Algumas situações você pode ter pacientes viáveis, e com isso a gente determinou o prazo de 6 horas. Ao final desse tempo você viu que não tem chance, examinou e não há repostas aos estímulos, o médico estabelece o diagnóstico clínico para depois de um tempo realizar o exame complementar de morte encefálica”, explica Cabeça.

Durante o curso foram abordados diversos assuntos relacionados ao protocolo de morte encefálica, entre eles: fisiologia e metabolismo cerebral; paciente em coma; exame clínico; exame complementar; além de leis, decretos e resoluções que regem o diagnóstico de morte encefálica.

Participando do evento, o neurologista do Complexo Regulador da Sesacre, Renato Fonseca, que também compõe a equipe da Central de Transplantes do Acre, falou da importância do encontro, como implemento do que sempre foi tratado com muita seriedade pelos profissionais que realizam o protocolo de determinação de morte encefálica, que é crucial para a doação de órgãos.

“A verificação de morte cerebral sempre foi algo conduzido com muita seriedade pela comunidade científica. Nesse momento, a comunidade médica está apenas implementando aquilo que a gente já fazia de uma forma que algo seguro pudesse se tornar melhor ainda e também melhorando a sistematização no sentido de elevar o número de verificações de ocorrências de morte cerebral. Sempre importante lembrar que a cada pessoa que, infelizmente, identificamos com essa condição, através da doação de órgãos conseguimos salvar inúmeras vidas”, pontua.

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